sábado, 31 de dezembro de 2022

Ufa! Que ano....

 


E 2022 está acabando bem longe de ter sido um ano fácil...não terei saudades, embora essa seja a tendência natural do ser humano, de sentir falta do que passou ou desejar algo que teve um dia. Eu não sou diferente, mas como na música, tenho um vício incurável de "insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que ainda não vi". Em outras palavras, viro a página com facilidade, ávida em percorrer a trilha de novas histórias, numa ânsia quase juvenil (ou quiçá senil) de querer "beber a vida a longos tragos", como tão bem destacou por Florbela Espanca no soneto "O Nosso Mundo". 

Ano difícil, porém repleto de aprendizados necessários. Muitas conquistas importantes também marcaram esse período, na esfera pessoal e profissional, resultando num saldo positivo, lembrando o quanto é  desafiador "reinventar-se" depois que cruzamos a faixa dos 50+, numa sociedade que não está preparada para lidar com os ageless e nem sabe aproveitar o potencial/conhecimento que só a maturidade traz, mas enfim, esse é um assunto para outro post...     

E que venha 2023, com todas as suas nuances. Meu maior propósito para o ano que chega é cuidar de mim e daqueles que dividem comigo a jornada da vida. Nada mais. Ter saúde física e emocional para poder cumprir as missões que me foram confiadas, focando minhas energias somente no que é importante e vital para esse bem viver. 

O cenário que se desenha para o próximo ano se mostra bastante conturbado sob o ponto de vista social, econômico e político. Os retrocessos geram uma consequente apatia em relação ao mundo externo, outrossim, são poderosos estimulantes para que a busca do caminho "de dentro" seja o novo oásis a ser descoberto. 

O convite está no ar. Apesar de toda a simbologia, somos nós que precisamos renovar nossas atitudes, sentimentos e hábitos, pois os dias continuarão passando, um após o outro, faça chuva ou sol. Não existe o combo "Ano Novo e Vida Nova" disponível para compra nos sites da internet, nem no supermercado. A vida é uma construção diária e particular. 

Que tenhamos a coragem e a força necessárias para viver da melhor forma possível cada dia do ano vindouro, de acordo com os nossos valores e fazendo valer os nossos direitos e a nossa sagrada liberdade de existir, insistir, resistir e jamais desistir de ser o que se é. 

"Mas é claro que o Sol vai voltar amanhã, 

Mais uma vez, eu sei

Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã,

Espera que o Sol já vem".

Mais uma vez - Renato Russo


quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Foi ontem…

"Quando for grande

quero ser astronauta,

bombeira, veterinária,

dinossauro, bruxa, dentista,

polícia, borboleta, moleirinha,

fada, domadora de dragões,

futebolista, joaninha, se calhar até mesmo 

uma estrela, ou uma nuvem a viajar.

Entretanto, vou aprendendo a ser eu."


Filipe de Bruxelas. In: Primeiro cresci no coração.


quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Depois dos temporais....



Há tempos não postava nada nesse meu "divã virtual" e não foi por acaso. Tempos difíceis precisam de pausas estratégicas, tréguas sabáticas para a alma e para o coração.

Mas é chegada a hora de retomar a terapia da escrita, a cura pelas palavras. Muito embora eu concorde com o Fernando Pessoa (Alberto Caeiro), no sentido de que "Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, assim falham os pensamento quando querem exprimir qualquer realidade", ainda vejo no signo uma forma importante de expressão/comunicação/conexão.

Então, vamos em frente!💪


Despedaçada

 

Juntar os pedaços não me parece ser a maior dificuldade diante das inúmeras “quebradas” que a jornada do verdadeiro viver nos impõe. 

Creio que difícil é fazer com que os fragmentos recolhidos ou, o que sobrou deles, se acomodem no local de origem, que já não será o mesmo depois do abalo e das subsequentes rupturas. 

Impossível. Essa conta não fecha. Faltará peças nesse quebra-cabeças. 

O que nos resta (e nos salva, pode acreditar) é a arte de tecer o possível, juntando os caquinhos que sobraram e, sem a pretensão da perfeição, construir um belo mosaico ou quem sabe, uma aconchegante colcha de retalhos. 

Sem falsa modéstia, eu já me tornei uma expert em preencher inexoráveis vazios, ora com bordados de esperança, uma resistente trama confeccionada com os fios da fé e da coragem, ora com sonhos, de todos os tamanhos, com recheio de palavras e cobertura de sentidos. 


Despedaçada não, prefiro dizer que estou em permanente (des)construção. 

Íntegra e inteira na consciência da minha incompletude.💜