sábado, 14 de janeiro de 2012

A viagem


Não adianta querer fugir da realidade, do eu e das emoções vividas e experiencias cravadas na alma.
Onde quer que eu esteja, estarão comigo todas as minhas circunstâncias, contingências e
lembranças.
O que eu sou não tira férias, nem deixar de existir quando viajo....por mais longínquo o lugar,
não obstante o tempo do retorno.
O que eu sou me acompanha sempre, levo para todo e qualquer lugar tudo aquilo que eu sou de fato, meus sonhos, meus desejos, meu modo particular de ver o mundo.
A verdadeira viagem, que urge ser feita, é aquela que independe das paisagens e do clima para gerar mudanças significativas: a viagem para dentro de si, a eterna peregrinação em busca do "eu" do viajante e a sua razão de ser no mundo.
 
 
“Antigamente, os médicos prescreviam viagens como remédio para depressão. Imaginavam que, viajando para outros lugares, a depressão ficaria para trás. Mas a tristeza não desembarca. Viaja junto. Somos um baú cheio. Quando viajamos, o baú, com tudo o que está dentro, vai junto. Chegamos lá, abrimos o baú e nos pomos a representar a mesma comédia que representamos sempre”
Rubem Alves

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Entendeu ou vou ter que desenhar????

Palavra:
Eu queria dizer uma coisa
que eu não posso sair dizendo por aí.
É um segredo que eu guardo é uma revelação.
Que eu não posso sair dizendo por aí.
É que eu tenho medo que as pessoas se desequilibrem de si.
Tenho medo que elas caiam quando eu disser:
Eu descobri que a palavra não sabe o que diz :
A palavra delira. A palavra diz qualquer coisa.
A verdade é que a palavra nela mesma não diz nada.
O que diz é um acordo estabelecido
entre quem fala e quem ouve.
Quando existe acordo, existe comunicação.
Quando esse acordo se quebra ninguém diz mais nada.
Mesmo usando as mesmas palavras.

( Viviane Mosé )

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Um convite para a vida.



Quanto tempo perdido....quanta energia gasta na farsa diária de fingir ser quem não se é e jamais se será. As contigências da vida, dos humores flutuantes e nada mais.
Cada ser tem seu "darma", sua vocação pessoal e suas próprias tendências, características talhadas na essência do seu "eu" particular, independentementes do meio e das circunstâncias da vida.
Em contraponto a este dispêndio de sopro vital, há aqueles que aproveitam a existência para escavar
as ruínas da sua precária e incerta condição humana, num tipo de arqueologia emocional, em busca das suas relíqueas e tesouros próprios: o DNA da espécie "não-eu".
As brumas, aos poucos, vão desaparecendo, deixando transparecer uma nesga do céu de cor violeta-azul. Firmamento, imensidão dos pensamentos.
A instigante viagem rumo ao desconhecido parece iniciar-se neste exato instante....é só deixar-se levar pelos ventos da intuição, perfume indelével das almas livres.
Ousar ser o que se é, em verdade acaba sendo uma aventura para poucos indivíduos, seres corajosos e destemidos, quiçá um convite para a vida plena, sem máscaras, nem subterfúgios.