terça-feira, 27 de agosto de 2013

Reborn of the hell!



O pior bandido não é aquele que te toma de assalto nas ruas, sombra que surge inesperadamente dos becos escuros da periferia para, de arma em punho, anunciar em alto e bom tom ao que veio.
Definitivamente não.
Tenho pra mim que o mais tenebroso e perigoso meliante é aquele que frequenta as altas rodas (templos, tribunais, mansões e castelos), se diz servo de Deus e, cheio de orgulho, anuncia aos quatro ventos ser um soldado incansável na luta pela justiça.
Sempre muito falante e bem relacionado, engana e espolia os incautos com muita facilidade, espalhando iniquidade por onde arrasta seus pesados grilhões emocionais, qual abutre nascido das lamas da corrupção e do amálgama pantanoso do umbral, é um semeador de desgraças.
Ser das trevas, alimenta-se de restos, sobrevive na podridão, exalando, em razão disso, odores fétidos que nem as mais caras perfumarias conseguem afastar.
Age como se fosse o próprio Deus ou um Seu ungido, sempre vaidoso, vestimenta irretocável, discurso previamente engendrado para fazer sucumbir suas vítimas, as quais são incapazes de perceber no tom sombrio de seu olhar, o espectro que denuncia e reflete, inexoravelmente, as profundezas que habita sua alma contorcida em eterna agonia e devassidão.
É preciso ter cuidado e redobrar a atenção com esse tipo nefasto de individuo, embuste ambulante cada vez mais comum nos dias de hoje e, curiosamente, sempre em evidência nos ambientes em que circula, em virtude da falsa imagem que criou em torno de si, de defensor da ética e dos bons costumes, bastião inquebrantável da moralidade.
Numa sociedade em que a aparência é o que mais conta, urge reaprender o valor da essência, avaliando minuciosamente o que vai por dentro das belas maçãs que se oferecem para as donzelas desavisadas.