sábado, 5 de setembro de 2015

Às árvores ressequidas do cerrado


A extrema seca e aridez do cerrado traz a tona imagens de árvores esquálidas, ressequidas e de galhos solitários.
Há uma quentura no ar, misturada à poeira e à fumaça da vegetação em chamas....um calor que entorpece e parece não ter fim.
Gritos sufocados, sonhos adiados.....cansaço natural de uma natureza em transe.
Lá nas entranhas busca-se a força vital para o recomeço, pois continuar é preciso, ciclo após ciclo.
A energia das raízes, a essência da vida, o âmago do existir e tudo o mais que for fundamental para que a missão se cumpra, para que a razão de ser e de aqui estar seja plenamente atingida.
É chegado o momento do mergulho na grande floresta submersa, berçário de almas e potências, de onde se extrai um novo sopro, um alento e uma sobrevida.
Em busca de caminhos se abrem sempre novas rotas e possibilidades, um renascer-morrer constante e inexorável.
E ainda há o concurso da dor, que corta fundo com seu punhal afiado e dilacerante, escrevendo lições valiosas, purificando os sentidos e afastando ilusões.
Os galhos fininhos e ressequidos estão prenhes de exuberância, é só aguardar e ver o milagre que está por vir.
Eu acredito e esta crença tem embalado os meus dias, tal qual uma melodia que fala de quão necessário é sobreviver e, ao mesmo tempo, manter a sanidade.
- O vento da temperança logo chegará, sussurra a menina brisa.