sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sonhos que limitam



Quando eu era mais jovem, nem em meus melhores sonhos eu poderia imaginar ou intuir o quanto eu seria feliz e realizada.
Eu sempre acalentei o desejo de ser livre, independente e dona do meu nariz, literalmente falando.
Casamento não estava em meus planos, embora, como toda menina romântica, desejasse, ardentemente, amar e ser amada.
Canalizei muito da minha energia nos estudos e no trabalho, sempre quis romper com as amarras, sair da periferia e ter condições financeiras para viajar, apreender outros idiomas, conhecer outras culturas.
Nunca fui uma pessoa muito resignada com as circunstâncias em que estava inserida.....ansiava pela liberdade que só meus irmãos homens tinham.....não suportava as limitações advindas da falta de dinheiro.
O tempo foi passando, me formei na faculdade, ingressei no serviço público e passei a ter uma vida um pouco mais confortável.
Estava tudo muito bem, perto da família, dos amigos.....era tudo que eu sempre sonhara.....até que um dia, toda minha vida e meus planos mudaram de rumo.....eu, que sempre fugi de compromissos amorosos mais sérios, tive meus conceitos e minhas convicções reviradas por um grande amor, avassalador e determinante.
Em nome desse sentimento larguei "meu porto seguro" e me lancei, vela aberta em direção ao mar desconhecido.
Aportei em outra região do país, mudei de emprego e de estado civil.....resumindo: resnasci no e floreci no planalto central......parece até outra vida (reencarnação).
Nunca pensei que pudesse ser tão feliz.....isso tudo para dizer que não podemos limitar nossas vidas aos sonhos que temos......muitas vezes, o planos divino reserva para nós realizações que jamais ousamos pensar......os sonhos realizados podem ser um cárcere se não estivermos abertos ao convite da vida.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Seres invisíveis e vidas vazias



Sempre me pego a pensar nos "seres invisíveis" e como suas vidas se tornaram, por opção ou por imposição, um grande vazio existencial.
Na minha concepção, seres invisíveis são aquelas pessoas marginalizadas, estigmatizadas, discriminadas e fora dos padrões adotados como normais por uma determinada sociedade.
Quando o indivíduo não se encaixa no modelo "bonito, rico, poderoso, jovem, inteligente, etc" passa a ser coberto por uma capa de invisibilidade social.
Isso é muito comum nos dias atuais, onde pobres, velhos, indigentes, doentes, presidiários e deficientes são solenemente ignorados....fazemos questão de não enxergar esse triste turba e suas fétidas feridas purulentas.
Chega até ser uma obscenidade, esbravejam alguns, ter que suportar essa massa desforme nos faróis, esquinas, portas de restaurante, a esfregar nas nossas caras tanta miséria e dor.
Pessoas assim rotuladas, jogadas ao limbo da morte em vida, estão aos montes pelo mundo a vagar, é só você parar e prestar atenção, que logo achará alguém bem próximo nessa situação. Talvez um familiar já idoso, a quem ninguém mais nota e nem tem paciência para ouvir as mesmas histórias dos tempos de outrora, onde aquele galho seco reluziu estrondoso e cheio de vida.
Ou quem sabe, um amigo próximo, que por medo do fogo da existência (que queima e só depois purifica), acabou optando por existir anonimamente, sem ser notado, apartado de tudo que exija exposição e compromentimento emocional.
Vidas secas, vazias .......seres invisíveis, mortos-vivos!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A lente do amor



Olhar o mundo e as pessoas como quem olha um filho dormindo.....como quem observa o espetáculo da vida em constante transformação.Compreensão e compaixão é tudo que nos falta quando nos deparamos com o outro e com o seu particular modo de ser.

Tudo seria diferente se nos habituássemos a ver a vida através da lente do amor, filtrando as imagens, as emoções e os sentimentos como quem garimpa no rio lamaçento o mais lindo diamante. É uma atividade estenuante, bem se sabe, mas a recompensa é por demais valiosa e justifica o sacrifício da busca ou do resgate do nosso "eu-divino" interior.

Não importa se o dia está nublado ou ensolarado: importante mesmo é o tempo que faz dentro de mim e de que forma irradio isso para o ambiente em que vivo. É óbvio que nos dias de chuva intensa a tempestade faz transbordar todas as mágoas do meu ser imperfeito e inquieto. As tormentas de vento embaralham meus pensamentos e fico perdida, sem prumo. Há dias em que os raios e trovões são vistos e ouvidos a quilômetros de distância.....os olhares arrasadores e as palavras que ferem.

Coloquei "vidros nos olhos para poder melhor te enxergar"..... e, como o olhos do armor e do afeto acolho todo o seu ser.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A miséria humana


Pobres são aqueles seres que possuem mais do que precisam e, mesmo assim, ainda querem mais e se degladiam por muito pouco, envenenam-se, alma e corpo, por quase nada. Matam-se por bagatela.
Não adianta morar nos mais ricos castelos se o espírito habita os umbrais mais profundos.
Engana-se aquele que busca a felicidade e a paz fora de si. As roupas e as jóias nada dizem sobre o indíviduo, antes, o deformam e o mascaram.
O eu verdadeiro prescinde de adornos.
Nada consome mais a energia de uma vida do que a ilusão do ter, do possuir e do controlar.
Embora a matéria corpórea seja transitória e mutável, muitos insistem em viver como se fossem eternos, imortais, propositalmente entorpecidos e ignorantes da certeza de suas mortes.
O desgaste e o desequilíbrio trazidos pela busca incessante de poder e dinheiro levam o indivíduo a perder os tesouros mais valiosos de sua efêmera vida: o amor, a paz e a saúde.
Pobres miseráveis, não sabem o que é o afeto verdadeiro, desconhecem o que é ter uma noite de sono tranquila e revigorante....não foram premiados no jogo da vida, onde quem ganha não é aquele que mais acumulou ao final da partida, mas sim aquele que se despojou de tudo que pudesse ocupar demasiado espaço em sua "bagagem", deixando-o livre e leve para a cruzar "a linha de chegada".
" (....) ói, ói o trem, não precisa bagagem, nem mesmo passagem pro trem...... (....)" Raul Seixas.