quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2011....Dust in the wind.


Neste último post do ano é quase impossível não pensar em tudo que aconteceu no decorrer de 2011, de forma que as lembranças sejam úteis na tarefa de estabelecer alguns parâmetros e prioridades para o ano vindouro.
Não tenho mais como modificar o que passou, ficaram somente as lembranças, as lições aprendidas e a vontade inesgotável de viver, sempre, seja de que jeito for.....
Profissionalmente o momento é dos mais delicados, olho para a Instituição da qual faço parte há 15 anos e sinto-a totalmente fragmentada, enfraquecida.....fora os escândalos de corrupção envolvendo membros da casa, na minha opinião, há um excesso de especialização que levará, ao meu ver, à pulverização da própria entidade, com a distribuição paulatina de suas atribuições para outros atores sociais....Por outro lado, criou-se dentro da Instituição pequenos feudos, independentes, onde cada "senhor" faz o que entende melhor para si, não para o "Reino" como um todo......, embora sejamos todos iguais e tenhamos sido aprovados num mesmo concurso, de forma latente e silenciosa cristalizou-se categorias de profissionais pela "importância" de suas atribuições e espaço na mídia, sem relação direta com os resultados de sua atuação.......não sei porque isso tudo me lembra as aulas de hitória, no curso ginasial, sobre a expansão e a queda do Império Romano.....aqui, também os bons combatentes estão morrendo.....
Bem, não há nada que possa ser feito para modificar esta relação de poder (suserania e vassalagem, intelectuais e operarios do direito, cigarras e formigas, etc) há muito incrustada na estrutura do serviço público nacional e, nos próximos 05 anos que me restam antes da aposentadoria, vou realizar as tarefas que me cabem da melhor forma possível, sem ilusões ou aspirações.....não tenho "QI" para tanto....força de trabalho, capacidade e dedicação não valem "ingresso" no "Olimpo".
Em contraponto ao caos profissional, no campo pessoal as "escavações" interiores intensificaram-se e novos territórios começam a ser explorados. O encontro com o "não-eu", a escuta ativa da "outra"......novas percepções de um mesmo fenômeno, a metanóia. As "faxinas" semanais como instrumento de liberação, retirada do "lixo emocional", dissolução de nós, conflitos existenciais há muito encravados nas cavernas do meu inconsciente....como diria aquele personagem do Toy Story: Infinito e além.....eis a minha meta para 2012!
Que venha o ano novo.... ao lado dos meus filhos queridos, Arthur e Lucas e do meu amado-amigo Celso, companheiro de jornada, tenho todo o amor de que preciso para seguir em frente, feliz da vida
por estar viva!!!!!   
             
    

domingo, 18 de dezembro de 2011

Soneto para W. Blake


A explosão e a síntese de um amor impossível foram descritas
por mim no "Soneto para W. Blake", o qual nasceu num "jacto", como diria
Florbela Espanca, numa tarde de1989.
Um tipo de psicografia, sei lá, mas parceia que alguém, lá no fundo
da minha alma, ditava-me as estrofes.
Neste dia, parte do que eu sentia transformou-se em palavras,
numa confissão, além da inevitável constatação de que o meu primeiro-
grande-amor, já nascera morto.
Passados 22 anos, resgatei o poema de um livreto da Universidade de
Guarulhos, de um concurso de poesia "Livre para criar", em que participei à
época, sendo premiada com um honroso 4º lugar.
Eis aqui a minha relíquia:

Soneto para W. Blake

Tu, que me despertaste da inocência
Qual flor, que em botão se despe,
"deu-me" a mim a fina essência
e a minha'lma a doura veste...

Cresci para ti, devo-te obediência
Assim como um deus a entrar em mim,
tecendo a cada prece a demência
de ter nos lábios o início do fim....

Criei-me assim, toda carinho
De teu jardim, mais bela flor...
Na tua estrada, novo caminho...

Trago em mim teu destino atrasado
Canções de experiência e louco amor,
sonhos de Céu com o Inferno casado...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Acima do peso sim, porém sexy e muito amada!

Hilda, a Pin Up de Duane Bryers


Duane Bryers, artista americano nascido em 1911, no Michigan, se especializou em pinturas onde o velho oeste americano é o tema principal. Ganhava a vida como ilustrador comercial até que, em 1958, criou a personagem Hilda, uma pin up acima do peso - e teve com isso seu nome e trabalho divulgados mundialmente até os dias atuais.

Duane, por meio de Hilda, só reforça o que já sabemos: que uma mulher gordinha pode ser, sim, sedutora e cativante. Além do mais, Hilda representa a mulher comum, a dona de casa que cuida de seus afazeres domésticos, às vezes até um tanto quanto desajeitada, mas sem perder a pose e o charme. Ela reforça também que uma mulher pode ser sexy naturalmente, sem apelos, artifícios e muito menos, vulgaridade.
Vejam Hilda em várias situações... Linda, simples e charmosa em todas:











quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A história se repete....


Depois de muito relutar, acabei admitindo que eu e muitos dos meus colegas nos transformamos em
Feitores da pós-modernidade.....dentro de um sistema de justiça criminal que só funciona para os desvalidos, nada mais óbvia esta minha dura conclusão.
Não há como fugir desta triste constatação.......aliás, pensando bem, há muito em comum entre os escravos de outrora e os seres marginalizados de hoje (invisibilidade social, coisificação do ser, ausência de dignidade, etc), assim como, entre alguns operadores do direito (delegados, promotores, juízes) e os temidos capatazes da escravaria (o agir em nome do Rei e da Lei, respectivamente).
A época é outra, mas a essência do problema é a mesma: a lei não é igual para todos, principalmente na seara criminal, onde a mão forte do Estado só alcança aquele acusado que não dispõe
de recursos para contratar um advogado hábil, que transite bem nos Tribunais Superiores e seja conhecedor dos meandros do poder (nas três esferas).
Sempre haverá uma interpretação inovadora da lei em benefício de réus ilustres, uma brecha qualquer na legislação por onde os criminosos escapam, sorridentes e altivos, da condenação merecida.
O mais estarrecedor é ver o quanto isso tornou-se comum no Brasil, com direito a loas e elogios públicos aos "experts" que atuam (a preço de ouro) para livrar seus "inocentes-clientes-ricos" da justiça, mesmo sabendo-os culpados.
Interessante notar que tais "profissionais" não se sentem atingidos pela ação criminosa de seus clientes, é como se não fizessem parte da sociedade que foi roubada, enganada, lesada pela corrupção em larga escala, ou que vê seus filhos transformarem-se em zumbis do crack, quando não os perdem para sempre, vítimas de latrocinio, homicidio, etc......se acham inatingíveis, os pobres doutores mortais, cujas consciência há muito foram ceifadas pela ganância e pela cobiça.
O pior é que assim foi, é, e sempre será, pois tais distorções são culturais e estão enraizadas na sociedade e no ser, como estruturas fundantes da ideologia dominante, qualquer que seja ela.
A norma, o ser e o tempo.....aporias da história.


          

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Falta inspiração.....


Encontro-me tão emocionalmente esgotada que não tenho mais inspiração pra nada, até meus desabafos tornam-se mudos, silenciosos.....gritos calados, ais contidos, faltam-me a expressão, a voz e as palavras.
Uma opressão da alma, uma incompreensão do mundo.
Esta sensação que assola-me veio de encontro ao que já escreveu Clarice Lispector:  


“Não sei mais escrever, perdi o jeito. Mas já vi muita coisa no mundo. Uma delas, e não das menos dolorosas, é ter visto bocas se abrirem para dizer ou talvez apenas balbuciar, e simplesmente não conseguirem. Então eu quereria às vezes dizer o que elas não puderam falar. Não sei mais escrever, porém o fato literário tornou-se aos poucos tão desimportante para mim que não saber escrever talvez seja exatamente o que me salvará da literatura."


No meu caso, as emoções contidas e as reações represadas, talvez salvem-me de mim mesma,
e funcionem com um mecanismo de filtragem daquilo que realmente vale à pena ser vivido, de forma que a outra, a essência,  a "não-eu", possa emergir e, da fusão das duas, eu possa tornar-me uma pessoa melhor. 
Tomara.
Fica ai mais um desafio para 2012.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Outras palavras

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti...
São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas. Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem. Desamparadas, inocentes, leves. Tecidas são de luz e são a noite. E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda. Quem as escuta? Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?
"Que fizeste das palavras? Que contas darás tu dessas vogais de um azul tão apaziguado? E das consoantes, que lhes dirás, ardendo entre o fulgor das laranjas e o sol dos cavalos? Que lhes dirás, quando te perguntarem pelas minúsculas sementes que te confiaram?"
 
By Paula Argolio

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Problemas técnicos


 
 
Conhecemos uma pessoa pelos seus atos diários, pelas pequenas
coisas que faz em favor do outro, sem alarde ou propaganda, muito
menos, data certa.
Pequeninos passos, porém continuos, eis o desafio.
Estamos numa época do ano em que muitos procuram "fazer a sua parte" (uma
... forma de dormir com a consciência mais tranquila e resgatar sua paz de espírito por tudo que não fez durante o ano), doando coisas materiais para os mais necessitados.....pura hipocrisia.
Não se reconhece no outro e ainda vangloria-se pelas migalhas dadas.
Os grandes avanços são forjados no trabalho anônimo do dia-a-dia, aquele
labor que não tem publicidade e cujos resultados, embora tímidos, contribuem para a construção de uma realidade mais digna e menos desigual para todos.
Doe-se através do seu trabalho, qualquer que seja ele,
transformando os seus saberes em instrumentos de concretização do
bem estar do teu próximo.
Faça tudo com amor e fique tranquilo, pois com certeza vc terá o "céu" em terra,
todos os dias, sem precisar pagar por isso.

domingo, 27 de novembro de 2011

Uma canção para o dia de hoje....

Canteiros* - Fagner

Quando penso em você, fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa, menos a felicidade
Correm os meus dedos longos, em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego já me traz contentamento

Pode ser até manhã, cedo claro feito dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa
Prá correr entre os canteiros e esconder minha tristeza

Que eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço, sem ter visto a vida.

* Canção inspirada em uma poesia de Cecília Meireles (Marcha) 

domingo, 6 de novembro de 2011

Renascimento...

Eterno renascer....movimentos diários de vida e morte.
Todos os dias, a cada amanhecer, um novo "eu" surge dos
muitos e muitos possíveis seres-em-si.
Ontem, hoje, amanhã....46 ao todo, anos de vida e de
transformação permanente.
Impossível "não-ser".
A essência que se mostra no desnudar das pétalas....
caídas, uma-a-uma, da flor da existência única e, ao mesmo templo, multiplicadora.
A cada aurora, completo mais um aniversário....
Parabéns pra mim, pra ti e pra todos que despertam, a cada dia, com um novo olhar sobre a vida, por mais automático e iigual que pareça ser o ato de levantar-se.....vestir-se.....ir para o trabalho, encontrar as mesmas pessoas.....depois voltar para casa, marido, filhos, amigos.....
É só olhar com atenção....com os olhos do coração, para sentir que nada permanece igual....a energia que envolve os seres está sempre em movimento, como o mundo....

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Palavras, imagens e sons da minha eterna primavera....


Hoje, mais um renascimento.....46 ao todo.
Feliz por estar viva e repleta de vida, de amor e de saúde.
Que seja minha vida um constante aprendizado, uma eterna busca do ser-em-si...da verdadeira essência.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Tributo à Bela

Fernando Pessoa deixa datilografado, sem data, um poema, que fez parte de seu espólio.

À memória de Florbela Espanca

Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gêmea da minha!
Tua alma, assim como a minha,
Rasgando as nuvens pairava
Por cima dos outros,
À procura de mundos novos,
Mais belos, mais perfeitos, mais felizes.
Criatura estranha, espírito irrequieto,
Cheio de ansiedade,
Assim como eu criavas mundos novos,
Lindos como os teus sonhos,
E vivias neles, vivias sonhando como eu.
Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gêmea da minha!
Já que em vida não tinhas descanso,
Se existe a paz na sepultura:
A paz seja contigo!

À Florbela
(em sua memória)


Sou eu, Florbela! Aquele que buscaste.
Falam de mim Teus versos de Menina.
Tua boca p’ra mim se abriu, divina,
mas foi só o Luar que Tu beijaste.


Hás-de voltar, Florbela!… Em débil haste,
por entre os trigos cresce, purpurina,
a mais fresca papoila da campina
que, só por me veres, não cortaste.


Eu tenho três mil anos: sou Poeta.
Surgi dos lábios secos dum asceta,
de uma oração que Deus deixou de parte.


Redimi tantos corpos, tantas vidas
neles vivi, que sinto já nascidas
asas com que subir para alcançar-Te
(…)

Sebastião da Gama
Arrábida, 6-11-1943

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

E as máscaras continuam caindo......

Lembro bem do trecho da música de Gilberto Gil
que diz: ....Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei,

ensinai-me ó Pai o que eu ainda não sei.....

O bom da passagem do tempo é que os bons frutos amadurecem e, os maus, apodrecem e caem, sem que seja preciso qualquer esforço para derrubá-los ao solo.

Assim também é a vida.... as máscaras de "bom moço", "intelectual" e "dono da situação" sempre caem. Não há nada que dure para sempre, por pior ou melhor que seja.

Hoje o formigueiro vai dormir de alma lavada e passada e muito bem engomada, diga-se de passagem.

Demorou um pouco, mais a verdadeira face do "Cérbero do Cerrado" acabou aparecendo......essa coisa de estar em vários lugares ao mesmo tempo, impondo sua feroz vontade a tudo e a todos não rendeu os frutos pretendidos. Vigiando e punindo, acabou por perder-se em sua natureza híbrida (metade homem, metade cavalo) e hoje já não é mais nada, nem humano, nem animal. Não lhe socorrem mais as divindades do Olimpo, agora reduzido a verdadeira Babilônia em chamas.

O "dono da verdade" segue então, pobre e de alma desnuda, se é que tinha uma.

A mítica da farsa......o fim do que nunca existiu.



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Pertença

Há um sentimento de pertencimento que envolve os seres, desde os primórdios.

O querer fazer parte de um grupo social, identificando-se com determinados contextos culturais, raciais, religiosos......nada disso é novo, posto que faz parte da essência do homem.

O que há de diferente é a necessidade de alguns indivíduos de pertencerem, a qualquer custo, a certas "castas", das quais se infere o ser não pelo o que ele é, mas sim, pelo que ele aparenta ser, ou pelos atributos exteriores que ele ostenta.

Nestas hordas, todos são iguais, a começar pelas vestimentas que só podem ser de determinadas marcas, os carros, marcas de relógio, destinos turísticos.....tudo muito o mesmo, caso contrário não pode fazer parte do "clube", nem ter acesso ao "Olimpo".

Também as opiniões não diferem.....há uma verdadeira massificação dos "ideais" e das "idéias".

Identidade e pertecimento passam a ser categorias opostas e excludentes uma da outra.

É possível notar um vazio existencial ou, em outras palavras, um vácuo ético que preenche e circunscreve este desenho social. Um enquadramento de seres e de costumes, onde o diferente fica de fora.

Frente a tamanha solidão, sigo em direção oposta à da massa....vou em busca do elo perdido....o reencontro do ser com sua essência, com a natureza.....com o éthos original.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Pescadora de emoções


Palavras, sons, imagens ......
A intuição que abre as portas da percepção.
Já não sou só eu.....sou muitas, diferentes umas das outras.
Reconheço-me em cada face da minha essência, íntegra, mesmo quando misturada.
Um complexo feixe de luz e sensações que atravessa o universo, no exato instante em que o tempo do eterno recomeça.
Nada é tão sublime quanto o êxtase de encontrar-se aberta para o mundo, sempre disposta a sentir o seu gosto, doce ou amargo.
Não há vida fora das emoções, quaisquer que sejam elas, mesmo que o filtro da razão impeça, momentaneamente, esta compreensão.
Ao final, o sagrado desperta em cada ser a sua imensa capacidade de unir-se com o todo.....a morte* é uma das medidas possíveis deste inevitável encontro.
Incrível que, com o tempo, vamos apurando a sensibilidade, a ponto de vê-la* instalando-se e tomando conta daqueles que amamos..... e nesta hora somos assolados por um sentimento desesperado de vida......uma urgência em viver tudo, amar muito, viajar, realizar sonhos.....
A miserável e rica condição humana transcende o próprio ser e suas inquietações.

sábado, 3 de setembro de 2011

Porque hoje é sabado......




Sábado é dia de descanso....pausa necessária para pousar em outras paragens!!!!
Sábado é dia de música, amor e poesia!!!!

Fernando Pessoa
"Não sei quem sou, que alma tenho. Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)... Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta traições de alma a um caráter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenho. Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas. Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor, eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada (?), por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Dia de Luz



Dias de sol e muita energia, onde sigo bailando entre as possíveis vidas de mim mesma.


A música que entoa o meu caminhar flui do som do silêncio e da imensidão do mundo.


Não me importa os que outros estão ouvindo, pois a arte da escuta é muito pessoal e depende sobremaneira da sintonia de cada um com o todo.


Não há promessas, nem garantias de riso fácil e leveza nesta performace, antes, um balé solo, no máximo um dueto de você consigo mesmo, por isso que o sucesso depende pouco do espectador e mais do próprio artista.


Sigo neste ritmo envolvente, de abertura e fechamento de ciclos, cada etapa com seu repertório próprio e insubstituível.


A vida segue com as suas variáveis nuances, num banquete de melodias, cores e signos e eu, sempre a deslizar sobre todas as superfícies, aprendiz inquieta e sedenta de movimento.



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Reciclando as emoções

Energia renovada, retomo a caminhada e vou removendo o "entulho" que foi deixado na tarefa diária de construção e desconstrução do meu eu.

Sigo transformando emoções e experiências em algo útil.....as lições que emergem da dor e da alegria de ser o que sou, argamassa preciosa e insubstituível no edificio da minha existência.

Com matéria-prima farta e mão-de-obra especializada, as escavações seguem a todo vapor. A cada segunda-feira um novo "fóssil" é cuidadosamente removido das profundezas da minha caverna. Esqueleto intacto, passa-se ao estudo de cada uma de suas nuances, um verdadeiro trabalho de arqueologia emocional, com um toque de paleontologia supra-humana.

Nas expedições pelos porões da minha alma sou acompanhada por um experiente guia, necessário ancouradoro que coloca-me a salvo do tormentoso abismo de mim mesma e do mar revolto dos meus pensamentos.

Decifrando o enigma que permeia a minha precária condição humana, inquieta e irresignada.....um mergulho sem volta no sagrado e no sublime movimento da vida.

Fronteiras em expansão, útero em contração, essência e transformação.



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Uma música para o dia de hoje....


Infinito Particular - Marisa Monte

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

terça-feira, 2 de agosto de 2011

La bambina e il mare.....



…Vivo tutti i giorni…. sogno…lá in fondo al mare, esserci quella serenitá che tanto tocca i sensi.
I giorni e gli anni volano inesorabilemente. Non ci si accorge nemmeno che si é piú grandi…piú vecchi….piú maturi o….meno…chissá..
La gente corre dietro a cose impossibili, non si accorge di tutto ció che circonda ognuno di noi…..il tempo passa e non lascia spazio alla riflessione…. che tanto ci aiuta a capire.
E cosí é passato anche un altro anno, é arrivata l’estate…e giá stá finendo!
Sogno quella riva al mare che scroscia e sbatte su se stessa…come una culla di profumi e ricordi….che ci prende per mano e ci porta indietro….si….indietro a quei giorni d’infanzia, di giochi e di fantasia, dove tutto era gioioso, dove tutto brillava di sogni…..dove i sogni…avevano spazio.
Mare…mare mio, che tanto ti guardo e ti contemplo…..
aspettaci….ti accarezzeremo e sfioreremo con leggerezza e amore….
non deluderci…
….non anche tu.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Poesia para ler e sonhar: Alfonsina Storni


Alfonsina Storni foi uma mulher inquieta. Nasceu em 29 de maio de 1892 no Cantão Ticino da Suíça italiana. Chegou com os pais à Argentina quando tinha quatro anos de idade,e passou a infância na província de San Juan, continuou os estudos na província de Santa Fé, tornando-se professora primária. Trabalhou desde jovem numa fábrica de chapéus em Rosario, e depois como professora. Já publicava poemas em diversas revistas. Partiu para Buenos Aires onde trabalhou como vendedora numa casa comercial. Escrevia muito e logo se integrou ao universo intelectual da cidade. Forte, arrojada, ávida de vida, era rodeada de amigos e de projetos. Enfrentou muitos obstáculos, dos diversos preconceitos sociais às dificuldades econômicas. De um relacionamento amoroso profundo e tumultuado, nasceu, em 1912, o seu filho único, Alejandro. Em 1916 editou o primeiro livro de poesias “ La inquietud del rosal”, que recebeu muitos prêmios. Alfonsina teve papel importante na criação da Sociedade Argentina de Escritores; foi professora no Teatro Infantil Albarden, na Escola Normal das Lenguas Vivas e no Conservatório Nacional de Música. Participava ativamente da vida cultural da cidade, mantinha relações com todos os intelectuais e se destacava tanto no campo das idéias como no comportamento, pela independência e originalidade de suas atividades. No Café Tortoni conheceu Federico Garcia Lorca quando este esteve em Buenos Aires na estréia de sua obra “Bodas de Sangue”, entre 1933 e 1934. No ano seguinte, Alfonsina adoeceu e teve o diagnóstico de câncer de mama; sofreu uma cirurgia e perdeu o seio esquerdo. Desenvolveu então profundo quadro melancólico e se isolou por muito tempo. Em 1937 viajou ao Chile onde encontrou seus amigos e colegas de trabalho. Ao retornar da viagem, tomou conhecimento do suicídio de Horácio Quiroga, o grande dramaturgo uruguaio com quem tinha profundas relações afetivas, e que, na época, também estava com um câncer e enfrentava trágicos acontecimentos familiares.
Em 18 de outubro de 1938, seguiu para Mar Del Plata para descansar, e dali enviou ao Jornal “La Nacion” seu poema “Voy a dormir”. Na madrugada de 25 de outubro de 1938, aos 46 anos, depois de ditar uma carta para seu filho, caminhou para o mar sob uma tempestade. Pela manhã, seu corpo foi descoberto na praia.


VOY A DORMIR

"Dientes de flores, cofia de rocio,
manos de hierbas, tú, nodriza fina,
tenme prestas las sábanas terrosas
y el edredón de musgos encardados.

Voy a dormir, nodríza mía, acuéstame.
Ponme una lámpara a la cabecera;
una constelacíón; la que te guste;
todas son buenas; bájala un poquito.
Dejame sola: oyes romper los brotes...
te acuna un pie celeste desde arriba
y un pájaro te traza unos compases
para que olvides... Gracias.

Ah, un encargo:
si él llama nuevamente por teléfono
le dices que no insista, que he salido..."

Sua morte causou imensa comoção. Para ela foi feita uma das mais belas canções do cancioneiro argentino, imortalizada na voz de Mercedes Sosa, mas gravada por grandes intérpretes do mundo como José Carreras, Plácido Domingo e muitos outros.


Alfonsina Y El Mar
(Felix Luna e Ariel Ramirez )



Por la blanda arena
Que lame el mar
Su pequeña huella
No vuelve más.
Un sendero solo
De pena y silencio llegó
Hasta el agua profunda
Un sendero solo
De penas mudas llegó
Hasta la espuma.
Sabe Dios qué angustia
Te acompañó,
Qué dolores viejos
Calló tu voz.
Para recostarte
Arrullada en el canto
De las caracolas marinas.
La canción que canta
En el fondo oscuro del mar
La caracola.
Te vas Alfonsina
Con tu soledad.
¿Qué poemas nuevos
Fuíste a buscar?
Una voz antigüa
De viento y de sal,
Te requiebra el alma
Y la está llevando,
Y te vas hacia allá
Como en sueños,
Dormida, Alfonsina
Vestida de mar.
Cinco sirenitas
Te llevarán
Por caminos de algas
Y de coral,
Y fosforescentes
Caballos marinos harán
Una ronda a tu lado.
Y los habitantes
Del agua van a jugar
Pronto a tu lado.
Bájame la lámpara
Un poco más
Déjame que duerma
Nodriza, en paz.
Y si llama él
No le digas que estoy, dile que,
Alfonsina no vuelve.
Y si llama él
No le digas nunca que estoy
Di que me he ido.
Te vas Alfonsina
Con tu soledad.
¿Qué poemas nuevos
Fuiste a buscar?
Una voz antigua
De viento y de sal,
Te requiebra el alma
Y la está llevando.
Y te vas hacia allá
Como en sueños
Dormida, Alfonsina
Vestida de mar.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Amigos não se separam.....




Vá "minha querida criança", segue a trilha de luz que Deus criou só para você....é a sua hora.

Não chore, lembre-se que verdadeiros amigos não se separam nunca, apenas seguem caminhos diferentes....longe dos olhos, porém sempre perto do coração.

Aprendemos tantas coisas neste tempo em que estivemos juntas, lembranças que jamais se apagarão das nossas memórias.

Daqui pra frente nossas estradas seguirão direções diferentes.....mas estarei sempre de braços e coração abertos para você.

Desejo que a nova jornada lhe seja muito abençoada, permitindo-lhe crescimento e aprendizado, na vida e na profissão.

Sê feliz sempre minha menina.






quinta-feira, 28 de julho de 2011

Nada como um dia após o outro.



A cada dia, um recomeço.....uma nova oportunidade para fazer tudo diferente.


A retomada de velhos sonhos, o início de um novo caminhar.....tudo torna-se possível quando se está

disponível para a vida, de mente e coração abertos.


As tormentas e tesmpestades de outrora serviram para tornar o céu mais límpido e solo mais fértil.

A natureza segue seu ciclo independentemente das conjecturas que esboço sobre ela e da falta de compreensão disfarçada nos saberes humanos.....ignoramos o simples.

Feita a semeadura, a colheita é certa, para o bem e para o mal, onde quer que seja, em qualquer tempo e para todos, sem exceção.

Os frutos são todos seus, amargos ou doces.......não procure por surpresas na curva da estrada, acredite apenas na força da ação e na inexorabilidade do resultado.

Tempo rei......day after day!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Estou cansada.....




Não há nada que eu faça que pareça completamente bom ou bem feito...tem sempre uma reclamação, um "senão".....alguma coisa faltando...pior, o bem-feito parece inútil e sem sentido, perde o valor diante do pouco que deixou de ser providenciado. Absolutamente nada é considerado.....a dedicação, o tempo e dinheiro gastos e não aproveitado com outras coisas, ao fim e ao cabo, o que deixei de viver com as coisas que realmente importam......

Intencionalmente ou não, contamina de forma negativa tudo ao meu redor....saio do eixo, perco a razão e cada vez mais, quero manter-me distante....longe de tão nefasta energia.

Persegue-me há anos.....perdi as contas dos comentários e atitudes de reprovação....minha roupa, meus cabelos, minhas escolhas profissionais e amorosas.....nada nunca foi tão bom ou digno.....sempre de plantão para estragar qualquer resquício de alegria ou contentamento que eu pudesse, teimosamente, esboçar.

Procura arrastar-me, desde sempre, para o eterno umbral em que transita e, mesmo diante da minha feroz resistência, não desiste de contaminar-me com sua visão doentia da vida.

A minha felicidade e tudo que conquistei tornou-se um acinte, a ponto de justificar todas as "cruzes" que são colocadas sobre as minhas costas.....de alguma forma eu tenho que sofrer e ser infeliz......como pode alguém ter tudo neste mundo cão????? porque eu não tenho você também não terá!!!! estes são os raciocínios equivocados e tortos que alimentam cada comentário e atitude.

Estou cansada......meu repertório está se esgotando......minha energia está sendo consumida neste "abismo" emocional.......queimando entre a culpa e a necessidade vital e urgente de livrar-me deste carma.

domingo, 24 de julho de 2011

Respirando fundo.....

Olho para além do vazio que tudo preenche e tento imaginar as forças que compelem-me para o despertar da pura essência.
A inquietude revira minha mente e do avesso posso sentir a energia que vem do mundo, do cosmo que une e mistura razão e emoção, matéria e espírito.
Fluxo e refluxo, evolução e involução....movimentos do meu ser em busca de SER, uma missão a mais do que simplesmente existir e deixar-se levar pelos espasmos e contrações do universo fragmentado do egoismo humano.
As mutações do querer imediato, do prazer esvaziado de permanência e durabilidade.....fugacidade que não se explica, sente-se escorrer e esvair-se sem nada que possa retê-la.
Um segundo que passa e leva consigo toda uma vida e outra nova começa a surgir no instante seguinte, e mais outra, e mais outra.....eu mesma não sou mais igual àquela que iniciou esta colcha de retalhos e pensamentos desconexos....
Assim como respirar, escrever tornou-se vital à minha sobrevivência.....respiro fundo e preparo-me, mais uma vez, para uma imersão no oceano do meu eu....águas profundas, mar bravio, território inexplorado de mim mesma.....o medo, ao contrário do esperado, não me deixa recuar, ao contrário, impele-me para além do que seria crível avançar, numa fé cega de que a procura, em si, já é a resposta, o tesouro que se quer encontrar.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Dica de Leitura para as "férias"









A Neurose do Paraíso Perdido - (proposta para uma nova visão da existência) - Pierre Weil






Introdução: "O homem em busca do paraíso perdido: O homem se caracteriza, em seu comportamento cotidiano, por uma busca constante de felicidade, de alegria de viver, de paz interior; ele procura o prazer e foge da dor. Isto mostra que existe, profundamente enraizada no âmago de seu ser, a memória de um estado de plenitude sem obstáculos e de êxtase permanente. Esta memória enterrada no âmago de sua existência constitui a motivação fundamental de todas as suas ações, quer sejam elas julgadas como positivas ou negativas. A busca da felicidade permanente leva-o, no plano físico, a procurar sensações agradáveis de toda a espécie.....no plano afetivo, sua busca de amor e de troca de ternura e de alegria não tem fim. No plano cognitivo, uma curiosidade, muito frequentemente insaciável, fá-lo apreciar as alegrias da descoberta, assim como a euforia a criatividade literária e artísitica. Existe, pois, uma espécie de lei inscrita em cada ser: é feito para a alegria e não para o sofrimento. Entretando, parece que um obstáculo fundamental impede a maioria dos seres de viver plenamente esta felicidade para a qual parecem existir, ela lhes escapa, sem que tenham consciência da causa deste fracasso constante......E damo-nos conta, cedo ou tarde, que a satisfação completa não existe.....constatamos, por vezes amargamente, que passamos nosso tempo em busca de uma felicidade permanente que não se encontra nem na abundância de alimento, nem no conforto, nem na segurança relativa de nossas casas, nem em nosso conhecimento, nem na embriaguez que nos proporcionam os poderes de qualquer tipo....De fato, o ser humano procura a fonte da felicidade fora de si mesmo, não mais percebe que é vítima de uma ilusão de ótica, de uma fantasia fundamental; esta fantasia constitui a fonte desta busca compulsiva e repetitiva deste paraíso que no fundo jamais perdeu, mas que apenas está velado. Este véu é a fantasia da separatividade.".

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Coisas que eu não consigo compreender, mas não deixo de buscar respostas.....






Tem coisas que não consigo compreender, mas que ainda busco respostas......



a) Você cria um filho com todo zelo, carinho e amor, num lar harmônico....dá o melhor de si, além de proporcionar uma boa educação, lazer, cuidados com a saúde, etc e percebe que isso não é o bastante para torná-lo grato, feliz e um ser "do bem".....não há "código genético" que garanta a transmissão inequívoca de caráter, princípios e personalidade. Da mesma forma que bons pais podem gerar "monstrinhos", os psicopatas do amanhã, pais de caráter reprovável podem gerar bons filhos, seres do bem, acima de qualquer "herança maldita".



b) Quem passa por todo tipo de dificuldade não consegue tornar real para os seus sucessores as dores dos dissabores que experimentou.....por mais que você mostre que aquele fruto é por demais amaro, enquanto o outro não experimentar, por si só, tal sabor, não conseguirá compreender o que aquilo realmente significa. O que não se aprende pelo amor, aprende-se pela dor. O dificil é ficar impassível diante das escolhas que seus filhos fazem e que você sabe que serão inexoravemente dolorosas.




c) Filho não vem com "manual" de instruções. Não há modelo pronto, único e acabado. A construção é diária e, como todo crescimento, envolve aprendizado, resistência, mudança e dor, para todos os envolvidos na empreitada. Nesta longa jornada, entre a intuição e a razão, fico com a primeira, já que não há lógica ou fórmula pronta que garantam que o sucesso dessa missão depende unicamente da razão, e não do sentimento.




d) Os conflitos subjacentes de toda mãe-fêmea, mãe-fera, mãe-anjo e mãe-mulher dão a exata dimensão de quanto o útero e, depois o mundo, são apenas uma extensão de seu vasto e complexo reinado de amor e poder. A transmutação da energia vital, o misterioso e o sagrado ventre materno. Começo, meio e fim.


Dúvidas de quem ainda não domina a díficil arte de ser mãe.....




sábado, 9 de julho de 2011

A fonte da juventude





"Qualquer idiota consegue ser jovem. É preciso muito talento pra envelhecer.” (Millor Fernandes)

"...Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.

Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível...
A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.

Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'

Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.

Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo
em idade avançada.
A fonte da juventude chama-se "mudança".
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos,
é ter disposição para guinadas.

Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda
para um bem menorzinho.

Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu!

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear,
sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom,
só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.

Rejuvenesceu! Toda mudança cobra um alto preço emocional.

Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.

Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Olhe-se no espelho..."

(Lya Luft)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Fragmentos da semana



Não por coincidência li hoje a seguinte frase, de autoria de François, Duque de La Rochefoucauld : "Nada é mais raro do que a verdadeira bondade, até os que a julgam tê-la, apenas têm normalmente, condescendência ou fraqueza".
Tenho cá pra mim que excesso de bondade é covardia. Medo de enfrentar as questões e ter que tomar posição diante de um conflito.
Atrás de todo sorriso de muita ponderação, há um toque de omissão e comodismo, afinal de contas, não é nada fácil "dar a cara a tapa", num mundinho em que todos são compelidos a seguir "padrões" de bom comportamento e finesse. Chic é ser "neutro", tal qual detergente, e jamais deixar-se conhecer.....dizer o que pensa, então, é sacrilégio; motivo de expulsão do "clube dos bem-aventurados".
Não acredito nas caricaturas do "bom moço", puro engodo para distrair e desviar a atenção daquilo que realmente importa: a essência.
Pra dizer bem a verdade, eu desprezo gente que não consegue ter opinião própria.....que não acha nada das coisas e fatos do mundo, que não se expõe por medo do que os outros vão pensar de seu comportamento.....não se impõe por nada, até porque, do "bonzinho", "bom camarada" todo mundo gosta, não é mesmo???? ele não contraria ninguém, não "dá problema", não cria confusão, não arma "barraco", não reivindica, não pede explicações convincentes.....tudo está sempre bom, na mais perfeita ordem....Muito fácil de administrar tão dócil pessoa e, por óbvio, conveniente tê-la em cargos de chefia, um títere a serviço do "bem comum".
Muita prudência gera inação e esta quase sempre resulta em injustiças.
Viver e estar vivo para o mundo requer coragem.


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pensamentos, palavras, preces.....



Pensamentos, palavras e preces só valem da boca pra dentro.
A beleza do signo cede diante do sentimento e da intenção daquele que utiliza-se do discurso para encobrir seus reais propósitos de manipulação e subjulgação do outro.

Mesmos as palavras bonitas são facilmente contaminadas pelo ódio, orgulho e inveja que habitam o âmago do emissor. O que parece ser uma simples mensagem positiva, em verdade pode significar uma armadilha, ante a falsa percepção que se tem da situação. Entre afagos e flores escondem-se serpentes e escorpiões. Esta é a arte da dissimulação: cuida-se com esmero do invólucro na tentativa de esconder-se a pouca qualidade do conteúdo.

O verdadeiro poder não está na palavra dita e sim na conduta diária e no sentimento que envolve a ação, por mais singela que ela pareça ser. A coerência entre o dito e o feito, a exata expressão do desejado e do realmente vivido.

Muitas preces são entoadas de forma mecânica e só da boca pra fora. Não brotam do coração. Belas palavras, qualquer um as diz. Fazer o bem ao próximo, quem quer que ele seja, só uns poucos conseguem. O segredo da empreitada: não desistir nunca.....no caminho da evolução todos nós somos UM com ELE.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

De bem com a vida!!!!

Mais uma semana termina com a sensação de dever cumprido, à exaustão.
As recompensas já são muitas diante do esforço diário de re-arranjo das emoções.
A compreensão de que só se dá aquilo que se tem sobrando e só o que houver de melhor.
A vida em toda sua dimensão, inevitável e cósmica. Tudo ao seu tempo, de forma a cuidar de cada ferida aberta, com o curativo da compreensão e do perdão.
Já não há mais tempo a perder com receitas milagrosas de bem viver ou soluções mágicas de alívio instantâneo da dor, contra-indicadas para quem não admite ser sub-julgado, encarcerado e manipulado.
Quero tudo em sua total plenitude, sem o torpor da imposição. Ser e não o dever ser.
A ânsia pueril de conformar o mundo e as sensações, tudo em palavras e sentimento.
Sorver cada gota do existir no deserto incerto do coração humano, sem a preocupação de ser exatamente o reflexo que o outro busca no espelho de sua alma egóica.
Sorrir para o vento, talvez, porém com o coração em festa e a mente tranquila. É o que basta.

domingo, 26 de junho de 2011

Um pouco de William Blake para enfrentar a "civilização".






Prisions are built with stones of Law, Brothels with bricks of Religion (As prisões se constroem com as pedras da lei; os bordéis, com os tijolos da religião).


The fox condemns the trap, not himself (A raposa condena a armadilha, não a si própria).


Always be ready to speak your mind, and a base man will avoid you. (Diz sempre o que pensas, e o homem torpe te evitará).



Listen to the fools reproach! it is a kingly title. (Ouve a reprovação do tolo! É um elogio soberano).


The weak in courage is strong in cunning. (O fraco na coragem é forte na esperteza).


As the catterpiller chooses the fairest leaves to lay her eggs on, so the priest lays his curse on the fairest joys. (Assim como a lagarta escolhe as mais belas folhas para deitar os seus ovos, assim o sarcedote lança a sua maldição sobre as alegrias mais belas).


Truth can never be told so as to be understood, and not be believ'd. Enough! or Too much. (A verdade nunca pode ser dita de modo a ser compreendida sem ser acreditada. É suficiente! ou Basta).


William Blake - Poesia e Prosa Selecionadas - Antologia Bilíngue - Paulo Vizioli.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Anotações sobre os diversos "eus"


"Nous sommes tous de lopins et d'une contexture si informe et diverse, que chaque pièce, chaque moment, faict son jeu. Et se trouve autant de difference de nous à nous mesmes, que de nous à autruy".


(Somos todos retalhos de uma textura tão disforme e diversa que cada pedaço, a cada momento, faz o seu jogo. E existem tantas diferenças entre nós próprios como entre nós e os outros). Michel de Montaigne, Ensaios, Segundo Volume, I.



Cada um de nós é vários, é muitos, é uma prolixidade de si mesmos. Por isso aquele que despreza o ambiente não é o mesmo que dele se alegra ou padece. Na vasta colônia do nosso ser há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente.

Fernando Pessoa, Livro do desassossego, anotações de 30/12/1932.





Sei lá! Sei lá! Eu sei la bem

Quem sou? Um fogo-fátuo, uma miragem...

Sou um reflexo....um canto de paisagem

Ou apenas um cenário! Um vaivém

(...)

Sou um verme que um dia quis ser astro...

Uma estátua truncada de alabastro....

Uma chaga sangrenta do Senhor....

Florbela Espanca - Minha Culpa, Sonetos.

“... se todas as coisas são o um, por que o um se torna múltiplo? Se há somente um eu profundo, por que os homens imaginam que há muitos eus? (...) o homem imagina que cada ser possui um eu separado(...)". Alan Watts (www.alanwatts.com)




quarta-feira, 22 de junho de 2011

Veritatis Splendor

O esplendor da verdade.

A verdade é simples e quase sempre revela-se de forma natural, amiúde, em poucas ou nenhuma palavra. Sensação e intuição.

Já o ato de querer convencer o outro de que a sua "verdade" é a mais verdadeira, costuma consumir a energia de uma vida inteira, confeccionada num dicionário de infinitos fascículos.

Discursos rebuscados, argumentações aporéticas e zetéticas falham quando deixam de enxergar a luz e ocupam-se das sombras refletidas na caverna. Dúvida retórica e conveniente.

Há coisas que simplesmente existem, perenes e atemporais, independentemente da idéia que o seres fazem dela e do caminho percorrido por aqueles que a refutam ou a aceitam.

A transitoriedade da condição humana ante ao paradoxo do desejo de eternização do ser.

Névoa que dissipa-se através do conhecimento e da sabedoria, transforma-se em libertação, em contraponto à escravidão das "verdades" impostas.