domingo, 15 de novembro de 2015

Lavando a alma....




Chuva boa caindo lá fora, prenúncio de festa neste meu cerrado....por vezes lágrimas que vertem de outros cantões do mundo, corações que choram ante ao ódio disseminado lá e cá, amiúde entre mensagens de hipocrisia e falsa cordialidade....
Quero banhar-me nessas águas sem desespero, estou tão cansada da secura que ando enfrentado no deserto de tantos desencontros, falta de amor e disposição para o outro, parece que envelheci mil anos nos últimos meses.
Cheguei há pouco aos 50, buscando forças para dar conta de todos os compromissos e tarefas que me propus realizar, e ao mesmo tempo com uma vontade louca de lagar tudo e viver de brisa, fotografando o céu de Brasília, escrevendo bobagens sem nexo, pintando e bordando, reorganizando os meus pedaços.
Parou a chuva, o cheiro de terra molhada e o canto alegre dos pássaros juntam-se aos sussurros de mais um fim de tarde, alguns trovões ainda remanescem do temporal passado, lembram um pouco a minha impaciência, o som feroz da minha consciência que já não mais aceita grilhões e amarras emocionais. Um grito de liberdade que ecoa pelo firmamento.
Esvaziando, pois a leveza é sempre boa companheira para quem já sente as dores da idade a refletir na coluna, síndrome de Atlas.
Mais um estrondo repercute na janela e estremece o domingo que se arrasta lentamente para o ocaso, rompendo o silêncio absurdo das palavras perdidas, mudas e inexpressivas, quem sabe adormecidas em castelos longínquos, a espera de um príncipe qualquer que as façam reverberar em múltiplos e infinitos significados...               

sábado, 5 de setembro de 2015

Às árvores ressequidas do cerrado


A extrema seca e aridez do cerrado traz a tona imagens de árvores esquálidas, ressequidas e de galhos solitários.
Há uma quentura no ar, misturada à poeira e à fumaça da vegetação em chamas....um calor que entorpece e parece não ter fim.
Gritos sufocados, sonhos adiados.....cansaço natural de uma natureza em transe.
Lá nas entranhas busca-se a força vital para o recomeço, pois continuar é preciso, ciclo após ciclo.
A energia das raízes, a essência da vida, o âmago do existir e tudo o mais que for fundamental para que a missão se cumpra, para que a razão de ser e de aqui estar seja plenamente atingida.
É chegado o momento do mergulho na grande floresta submersa, berçário de almas e potências, de onde se extrai um novo sopro, um alento e uma sobrevida.
Em busca de caminhos se abrem sempre novas rotas e possibilidades, um renascer-morrer constante e inexorável.
E ainda há o concurso da dor, que corta fundo com seu punhal afiado e dilacerante, escrevendo lições valiosas, purificando os sentidos e afastando ilusões.
Os galhos fininhos e ressequidos estão prenhes de exuberância, é só aguardar e ver o milagre que está por vir.
Eu acredito e esta crença tem embalado os meus dias, tal qual uma melodia que fala de quão necessário é sobreviver e, ao mesmo tempo, manter a sanidade.
- O vento da temperança logo chegará, sussurra a menina brisa.




         

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Vida que segue...



Porque mudar é preciso, mesmo que a essência e os ideais sejam mantidos.
Depois de muito tempo fazendo a mesma coisa, eis que um novo caminho abre-se para ser trilhado.
Como eu não acredito em acaso, sei que uma nova missão avizinha-se, tão bela e complexa quanto a anterior, já que envolve o mesmo material: o ser humano, suas imperfeições e incompletudes.
Lidar com o lado mais sombrio do ser não é uma tarefa das mais fáceis e nem de longe pressuponho que a
domino, mas acredito que ainda tenho muito para contribuir e quem sabe humanizar uma das mais áridas áreas do direito penal: a execução da pena.
Há muito fala-se de punição, expiação e purgação de culpas, erros, pecados e crimes, sempre sob o olhar atento do julgador, do acusador e da vítima.....que sofram todos os revezes os réus, condenados que estão à danação eterna, como sustentava-se em tempos idos.
Entre tantas indas e vindas, em meio a um turbilhão de teorias jurídicas, sociológicas e criminológicas, ainda falta o básico: a eficácia de toda e qualquer reprimenda passa pela legitimidade do sistema, o qual, na atual configuração, encontra-se eivado de vícios e mergulhado numa anomia sem tamanho e nem precedentes.
Resta-me continuar a remar contra a maré, em dia de tormenta e tempestade sem fim, num barquinho feito de sonhos velhos, amarrotados e um tanto desbotados.

    



segunda-feira, 27 de abril de 2015

Vivendo e aprendendo a dançar



Há um ditado chinês que diz: "Em noites de tempestade, as árvores rígidas são as primeiras a quebrar. As flexíveis se curvam e deixam o vento passar…”.

Flexibilidade é a capacidade de adaptar-se positivamente à mudança, ajustando suas atitudes de acordo com as mais diferentes e conflitantes situações do cotidiano.

Gestores e pessoas que exercem cargos de chefia deveriam saber disso e mais, necessitariam praticar este exercício de adaptabilidade e diplomacia todos os dias, sob pena de transformarem o ambiente de trabalho em um local pouco produtivo e nada aprazível de se estar.

Seres intransigentes e demasiadamente rígidos não são fontes de inspiração e jamais serão bons líderes. Quase sempre são intolerantes e incapazes de se colocar no lugar do outro. Demonstram uma certa dificuldade de lidar com o novo e de aceitar quem enxerga o mundo por um prisma diferente do seu. Não raras vezes exigem dos outros a perfeição que não possuem.

Quem não tem "jogo de cintura" desconhece o grande prazer da dança cotidiana, do bailar da vida, dos incessantes movimentos do Universo. De tão estático chega a estar morto.  Uma morte em vida.

sábado, 28 de março de 2015

Fazendo arte para relaxar.

Um dos meus passatempos favoritos é o artesanato.
Brinco de fazer arte pra poder desatar meus nós, manter o foco no agora e dissolver a tensão do dia-a-dia.
Faço de quase tudo um pouco e devo a minha mãe querida, Yolanda Rippi Cyrillo, Arteira de mão cheia, as primeiras lições de crochê, tricô, bordados em geral, entre outras artes manuais. No meu tempo, toda menina-casadoira que se presava era inciada em prendas domésticas e sabia "diumtudo", senão ficava pra titia kkkkkkkk mas isso foi em outro século..... hoje tais dotes soam como coisa de velha, de titias solteironas e vovós aposentadas. Mesmo assim, os rótulos e estigmas não me preocupam, pois o que vale é a sensação prazerosa de estar trabalhando com as mãos, mente e coração.
Cada peça que confecciono diz muito de mim. As mandalas, os pingentes árvore da vida, os colares e pulseiras são minhas emoções e pensamentos materializados.
Não é nada muito sofisticado, nem segue padrões ou linhas profissionais.....adoto um estilo livre, simples e bem amador, já que o objetivo é só mero divertimento, sem grandes pretensões de reconhecimento pelo conjunto da obra.
Seguem algumas amostras das minhas brincadeiras, devaneios e criações:

  
  







domingo, 1 de março de 2015

O portal da purificação



Ouço vozes e não é de hoje.
Dentro de mim mora uma galera, múltiplas personalidades, diferentes "eus", e quando todos começam a falar ao mesmo tempo é o caos, fico doidinha.
Ai então respiro fundo e tento acalmar os ânimos para poder entender o turbilhão de sensações que me rodeiam....nessa espiral de níveis diferentes de consciência vou me deixando levar para onde meu coração me guia.
Vou intuindo o caminho,
Minha percepção se torna mais aguçada, meu desejo de contemplação do universo a minha volta se fortalece na mesma proporção em que passo a decifrar olhares, silêncios e contradições.
Cresce, na mesma intensidade, o vital desejo de encontro com a minha real essência, um mergulho sem volta nas profundezas do meu ser complexo, imperfeito, desconexo.
Estou sintonizada a um todo muito maior do que me é possível compreender e acessar neste momento. Falta-me refinamento e respectiva pureza para adentrar a esta esfera, dimensão de energias mais fluídicas e etéreas.
Sigo tendo presságios, intuições e visões, pequenos flashes do devir, a transformação em andamento.
No rastro dos bons sentimentos, vou me desfazendo dos pesados fardos, eliminando ilusões e concentrando minhas energias na expansão da minha consciência, no aprimoramento do meu ser.
Sinto que esta é a missão e este é o momento.
Há um portal aberto, um convite no ar.... purificar, transmutar e eternizar.