sábado, 22 de janeiro de 2011

Sem saber....


Sinto uma saudade tremenda de não sei o quê......

talvez de tudo que eu não sei explicar e que, de alguma forma, fez parte do que sou, mesmo que inconscientemente.

Faz tanta falta os sonhos que eu tinha aos 17, aos 25....quantas ilusões embalavam aquela maluca que achava que podia mudar o mundo.

O bom de envelhecer é que você desiste das idéias mirabolantes de salvar a humanidade e passa os dias tentando salvar você de si mesmo.

Antes a urgência do tempo, agora, procuro esticar ao máximo cada segundo da minha vida, mesmo os ruins, pois todos me pertencem e são essenciais ao meu edifício.
Tenho saudade do que já passou e também do que está por vi, como se este sentimento
estivesse ligado ao "não ter", não obstante, as lembranças deixadas e as reais possibilidades
do futuro do presente.

Não há tristeza, nem alegria: só saudades.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sob o sol de escorpião


Ter o sol em escorpião, é o bicho, literalmente!

Mulheres guerreiras, almas essencialmente masculinas.

Brincar de boneca, nem quando era criança. A tônica já eram as disputas por espaço na rua, o destaque na escola, a liderança e o domínio.

A não aceitação de limites e destinos impostos por outrém.

Luta sangrenta pela sobrivencia na selva, sem medo das bestas-feras e das serpentes que moram ao lado.

A arte da sedução, a predileção pelo mistério, o prazer da investigação.

O olhar profundo que invade os seres sem pedir licença.

Amor e força sem limites, energia que paralisa covardes e mediocres.

A morte e o renascimento diários, no veneno da vida.

Coragem, resistencia e superação.

A reinvenção do ser, através da intuição e da ação.

A busca da luz nas trevas que encobrem esse e outros mundos.

Transformação eterna.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Optice umbilicus


Adaptando do latim, a famosa "ótica do umbigo".


Sabe aquele que ser que enxerga a vida por um único foco, sem considerar as outras tantas possibilidades, realidades e pontos de vista? então, é dessa figura tão comum no nosso dia-a-dia que quero falar.


Como é pobre e miserável aquele que rejeita o mundo em toda sua diversidade, complexidade e beleza díspare.


Humano e medonho, a conformar toda a natureza à sua própria imagem, num ato de solidão e desespero.


Numa época de tanto culto ao ego, nada mais selvagem do que impor ao outro a sua


estreita e rasa compreensão de vida.


Aliás, um arremedo de vida, diga-se de passagem.


Achar que o mundo gira em torno de si é o máximo da prepotencia e da arrogancia, sem dizer, revelador de uma ignorancia atávica.


Os tais "donos da verdade", os proto-intelectuais de plantão que de tudo sabem, são todos especialistas nas mazelas alheias e estão às pencas, emergindo dos mais respeitáveis bancos academicos do país......brotam como ratos das profundezas dos bueiros fétidos.


Nossa, quanta sabedoria e sensibilidade!


Tanta astúcia, de fazer corar o Chapolim Colorado, meu grande herói, depois do Capitão Nascimento, é claro!


Ser, ao mesmo tempo, tão eclética e crítica, torna-me audaz e imune ao meu próprio veneno.