sábado, 11 de fevereiro de 2012

Sou tantas....

 
(...) "Eu sou três, dependendo da pessoa que me procura. A menina ingênua, que fica olhando o homem com admiração, e finge estar impressionada por suas histórias de poder e de glória. A mulher fatal, que logo ataca aqueles que se sentem mais inseguros, e ao agir assim, tomando o controle da situação, os deixa mais à vontade, porque eles não precisam se preocupar com mais nada. E, finalmente, a mãe compreensiva, que cuida dos que estão precisando de conselhos e escuta, com um ar de quem compreende tudo, histórias que estão entrando por um ouvido e saindo pelo outro. Qual das três você quer conhecer? (...) Embora na minha alma, eu seja uma filha que precisa de carinho." (...)

Paulo Coelho, em Onze minutos.

A lucidez que me cala....


“Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? Assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: Pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: Que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano — já me aconteceu antes. Pois sei que — em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade — essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém.” (Clarice Lispector)