quinta-feira, 23 de maio de 2013

Antes que a casa caia.

É indiscutível que precisamos colocar ordem na casa. É pra ontem!
Há inúmeras reformas que urgem serem implementadas nos pilares básicos desse edifício.
Erros estruturais, material deteriorado, paredes internas rachadas, teto corroído...incontáveis problemas, profundas mazelas que carcomem, dia e noite, esse abrigo, que há muito perdeu a pompa, a característica acolhedora e vigorosa de outrora.....
Nossas portas foram abertas para o mundo, mas o mundo não nos conhece.
Por que será????
Talvez pelo simples fato que nunca admitimos, em essência, essa aproximação, com honrosas exceções, é claro.
Estamos e sempre estivemos fechados para visitação, pois mesmo escancarando os portões, não há "acesso livre" que derrube as barreiras do orgulho, da soberba e da intolerância. Se não me vejo no outro, se não me disponho a ouvi-lo,  a atende-lo, então não o aceito, não o compreendo, passando a mensagem automática de que não sou um seu igual.
Esse distanciamento, por óbvio, favorece o surgimento de "seres-ilha" e a inevitável proliferação de conchas e caracóis ensimesmados, cuidando, cada qual, de suas pérolas.
E mesmo quando o mar revolto ameaça estilhaçar e sedimentar milhares e milhares exemplares da espécie nas pedras da obliteração, há quem continue encarcerado em seus castelos de areia.
Pois bem, a necessidade de se reformar a casa é inquestionável, contudo, este é um segundo momento nesta senda de reconstrução e recuperação da essência perdida.
Antes, em primeiríssimo lugar, há que se lutar para manter em pé as estruturas que ainda restam desta morada, débil que está com os vorazes e constantes ataques dos monstros e demônios que ajudamos a criar e ainda hoje alimentamos, mesmo sem consciência plena desse processo de autopoiese.
Não podemos nos deixar enganar, o acessório não existe sem o principal, por mais que queiramos acreditar no contrário, por comodidade, medo ou sentimento de auto-preservação.