Há momentos da vida que não temos outra saída a não ser fazer a tão temida "travessia de Aqueronte", tão aterrorizantemente descrita por Dante, na Divina Comédia.
Tal qual Virgílio, sou levada pelo desumano servo Caronte pelo rio que conduz ao "inferno" de mim mesma, aqui e agora, sem precisar morrer para estar na barca.
A hora de resgatar outros passados se aproxima rapidamente. Inevitável esse ajuste de contas, aceito por mim antes de desembarcar "nesta estação". Acordo inicial, cujo cumprimento já está em execução, sendo agora, a parte mais difícel de ser adimplida.
Cérberus persegue-me com seu feroz olhar, ávido para destrorçar-me. Cabeças e serpentes bailam hipnoticamente, como se quisessem desviar-me do caminho, devorando-me o juízo.
Tenho medo, quero retroceder mais já não posso. Os portais fecharam-se e só me resta enfrentar a "passagem".