sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Reflexões de uma ilha.....









Já perdi as contas de quantas vezes senti a nítida sensação de estar cercada por uma mar de "ódio e traição".
É muito difícil conviver com esse sentimento de não ser "querida".
Sempre as mesmas armadilhas....sorrisos de perfídia e falta de lealdade.
Questiono se o problema não está em mim, complexo de ideação......mania de perseguição!
Minha percepção aguçada, porém, me diz quando estou diante de camaleões.
Sinto-me como que lançada numa floresta sombria, com feras famintas a espreitar-me os passos.
Quase não vejo nada nessa densa neblina que encobre a verdadeira intenção desses animais dissimulados, carcarás temporariamente trajados de pessoas.
Contudo, no meu íntimo eu sei perfeitamente quem realmente está sendo sincero e verdadeiro comigo. O brilho do olhar não engana. Intuição, quem sabe.
Conheço de longe o envolvente e mortal canto das sereias......experiência de quem já sucumbiu diante desse inebriante e nefasto convite à loucura.
Sobrevivo neste campo minado, sempre alerta e atenta aos movimentos sinuosos das serpentes.
Não busco ser amada ou aplaudida pela platéia. Não, não é isso.
Só quero viver em paz, num ambiente de lealdade e com pessoas realmente comprometidas com a verdade e com a justiça.
Gostaria de despir-me, ao menos uma vez, das armaduras e escudos.....ser mais leve
e otimista com relação aos abismos da alma humana.
Levitar pela vida sem medo de ser esmagada e destruída por aqueles que insisto em chamar
de seres humanos.....companheiros de jornada.....parceiros de trabalho.
Qual nada, ainda não é tempo de baixar a guarda.
A caçada continua.
Ainda há muita terra santa neste continente que não foi tocada
pelas águas turvas e envenenadas da podridão humana.

domingo, 1 de agosto de 2010

Em descompasso....



Só entre muitos.
Minha essência divina em fuga da natureza humana que me reveste, me despe e me aparta da vida vivida e não idealizada, apenas a possível.
Um rio de emoções, sentimentos e percepções fatalmente contido e represado na conduta esperada e pré-moldada. O dever-ser
Na cheia, as palavras escapam e escorrem, em prosa e em verso........ e nesses devaneios em que me permito ser o que sou, esvazio-me de toda a sensação outrora aprisionada. Revivo.
Escrava liberta, eis o que sou.....circunscrita em viver de acordo com o que se espera de mim.....no eixo e nos padrões sociais vigentes.
O inevitavel descompasso entre anima e persona é superado quando deixo-me levar pela música, fada que embala meus sonhos de menina, ainda....
Sobrevivo assim, de doses diárias e vitais de literatura e poesia, a ponto de esquecer quem sou, tragada pela estória que se abre em flor a minha frente.
Diante de tanta beleza entrego-me vencida e feliz,
e volto a ser aquela de sempre, a Maria das Quimeras,
livre, serena e sem destino pré-fixado.