Texto escrito para o concurso literário: 60 anos do MPDFT, eu faço parte dessa história
Um Terço...sim, é
exatamente isso que você está pensando! Na semana que antecedeu minha prova
oral para o cargo de Promotor de Justiça Adjunto do Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios eu rezei o Terço Milagroso de Nossa Senhora Aparecida, de
quem sou devota desde a meninice.
Era tudo ou nada, caso de
vida ou morte, pois eu tinha acabado de me casar e buscava estar próxima do meu
amado, então Promotor de Justiça no Estado de Goiás. Meu coração estava apertado, pois sabia o
quanto essa aprovação era importante, não só por realizar o meu sonho de ser
aprovada e exercer a função que me levou a prestar novo vestibular e ingressar
na Faculdade de Direito, onde eu acabara de concluir o curso de Letras, mas para
poder vivenciar a plenitude de um amor que se iniciou na entrada da carceragem
da Delegacia de Polícia de uma aprazível cidade do interior de São Paulo.
Ele, o Oficial de Justiça da
Vara Criminal da Comarca e eu a Delegada de Polícia e Diretora da Cadeia Pública
local. O alvará que ele trazia libertou um detento e aprisionou o meu coração...e
lá se vão 26 anos de uma paixão avassaladora e que deitou frutos no solo fértil
do Centro-Oeste. A passagem pela Polícia Civil teve um propósito:
reencontrar minha alma gêmea e, no final de 1996, tudo o que eu mais queria era
que essa união realmente desse certo, pois nessa altura ele era o mais novo e
cobiçado integrante do Parquet Goiano.
E a Santa Milagrosa teve então
um duplo desafio: além de me arrumar um marido naquela altura do campeonato,
aos 30 anos do segundo tempo, quando a peleja já era dada por perdida por boa
parte da família, ainda foi conclamada a auxiliar-me na aprovação em dificílimo
certame do MPDFT e cumprir a promessa que fiz a mim mesma quando participei
pela primeira vez como jurada do 1º Tribunal do Júri do Estado de São Paulo e
sorteada, fui enfeitiçada pela fala do então Promotor de Justiça, Dr. Guerra
Ahmed e ali vaticinei o meu destino: vou ser Promotora de Justiça!
E deu certo!!!! Quem entra
na Capela dos Milagres da Basílica de Nossa Senhora Aparecida vê logo duas
fotos no teto: uma do meu casamento e outra da minha posse, ocorrida em 05 de
fevereiro de 1997. E de lá pra cá sou só gratidão e procuro atuar de forma a
fazer valer a honrosa missão que me foi confiada, pois não é por acaso que uma
menina nascida na periferia de São Paulo chegaria em tão distinta posição,
senão fazer valer a vez e a voz daqueles que desconhecem seus direitos, lutar
pela prevalência da lei acima de interesses outros que não a justiça.
Um terço...sim, eu faço
parte de um terço dos 60 anos do MPDFT, com muito orgulho! Já são mais de 23
anos de dedicação a essa Instituição que me acolheu e me deu todas as condições
de concretizar meus ideais de justiça e de servir ao outro, aquele que é a
razão de ser e de existir de todos os que assumiram o corajoso compromisso de
promover a justiça.
Não tem sido fácil se
manter no ringue e lutar o bom combate, desde minha primeira lotação, na promotoria
de justiça criminal de uma circunscrição regional relativamente distante, até a
presente data, em que sou titular de um ofício especializado, me deparo com
situações que denotam a urgência de resgatarmos a credibilidade da sociedade
nas instituições e nos seus integrantes. Há também uma crise de valores que
precisa ser revertida e só através de um Ministério Público forte, independente
e atuante seremos capazes de entregar os resultados que a comunidade do
Distrito Federal espera.
Um terço...não!!!! Somos o
Terço da Armada, o corpo de guerreiros do Ministério Público Brasileiro e não vamos
baixar a guarda. E que as batalhas travadas nesses 60 anos de MPDFT sirvam de orgulho
para aqueles que já não estão mais no front e estímulo para tantos outros que,
como eu, não desistem de empunhar a espada.