Dias atrás uma mãe disse-me assim: Quer botar um filho a perder? é só colorir demais a estrada dele, retirando as pedras do caminho, os espinhos das rosas, o amargo das frutas......
Até agora estou sismada com essa observação.
Nunca ninguém tinha resumido tão bem o quão difícil é a missão de educar filhos no mundo de hoje.
Essa colocação atingiu em cheio meu coração de mãe angustiada.
Confesso que não sei qual a melhor forma de preparar meus filhos para a vida. Não tenho bússula e tampouco sei o melhor caminho a seguir.
A forma como fui criada não serve de parâmetro, já que o contexto em que eu cresci era outro, aliás, muito outro, com muita "fartura" (faltava de tudo, menos afeto). Outros tempos, outros costumes, outro Estado da federação. Não dá pra comparar com a realidade em que Arthur e Lucas encontram-se inseridos.
Assim, a questão permanece sem uma resposta inicial, provisória, experimental, seja lá o que for!
Tenho muito medo de preparar "cordeiros" para o banquete de "lobos" .
Ao mesmo tempo, não há como protegê-los do mundo, privando-os da beleza que é o "viver" por inteiro, sentindo na pele o efeito das escolhas feitas.
Cabe a mim mostrar as "opções" e orientar sobre as possíveis rotas a serem seguidas.....contudo, alguns caminhos só existem e se fazem conhecidos para aqueles que tem a coragem de trilhá-los pela primeira vez.
Quero crer que a força do daimon de que fala James Hillman em seu livro " O Código do Ser", seja a sombra a acompanhar os passos dos meus meninos e a semente que pulsa em suas essências, de forma que eles possam encontrar suas vocações pessoais e aprimorar, ainda mais, suas imagens inatas, rumo ao progresso espiritual.
A minha aflição não muda em nada o fato de que não há garantias (genéticas ou ambientais) quanto ao sucesso da empreitada.
O destino, o chamado, o pacto.....fortes e categóricos, como os filhos queridos que eu trouxe de
presente para este mundo e que aqui cumprirão suas necessárias missões.
O caminho, ainda não sei....estou a descobrir junto com eles, passo a passo.