segunda-feira, 5 de abril de 2010

Se eu pudesse, meu amor.......



Se eu pudesse, meu amor.....eu te protegeria de todo mal que há nesta e em outras vidas.....cuidaria para que a inveja, o ódio, o orgulho e a vilania nunca descessem seus mantos negros sobre você......seria seu escudo contra os sentimentos que assombram e habitam os porões da perversidade humana.
Você é tão frágil....cordeiro lançado à jaula das bestas-feras deste mundo insano, sem saber, ao certo, quem realmente é o seu predador. Ingênuo, ainda crê no verniz que engana, no espelho que ilude, na imagem que esconde e nas palavras que nada revelam, antes, confundem.
Abra os olhos da razão meu amor, tente ver além do que o seu coração sente.....caso contrário você será massacrado pela turba enlouquecida e sedenta de vingança.....seres entorpecidos pela falta de amor, que matam aqueles que tem esse "bem " em excesso....assim como você.
Em nome desse imenso amor que tenho por você, vejo-me compelida a deixá-lo viver sua própria história....livre das minhas garras super-protetoras, do meu faro de mãe feroz e vigilante, apta a estraçalhar quem se aproximar das suas crias.
Estarei ao seu lado sempre, farol a iluminar os seus possíveis caminhos.....as escolhas serão suas, meu anjo, sempre, assim como, os espinhos e as flores que surgirão na sua estrada.
Uma pérola só tem valor "fora" da concha.........a minha "casca" só protegeu você, minha jóia rara, durante o tempo necessário.....
Agora é com você.....o mundo é todo seu, explore-o e conquiste-o com cautela, com a calma daqueles que dispõem da eternidade como companheira de "viagem".....

Travessias de Gil Roberto

Estava eu a falar de travessias e passagens, quando deparei-me com este texto lindíssimo do meu "anjo" Gil Roberto, esse poeta da foto ao lado, cercado de "diabinhas" por todos os ângulos, vértices, prismas, etc

"...quando criança encontrei-me com um velho, ele era uma divindade já cansada, contou-me histórias como um avô, alguém que passou, pois até os deuses passam, me disse com os lábios secos embebidos de farrapos e memórias, me disse com voz de gente humana que atravessou tantos entantos:
alguns tantos me trouxeram alguns pêlos brancos, sulcos na pele, o peso de existências e os músculos dançando ‘a la gravidad’, e o tempo me trouxe o agora e enterrou alguns passados, memórias antigas perdidas em vestidos, em aromas de chás e bules velhos, em beijos que padeceram, em sensações que se esqueceram... eu sou um homem, sou? , e voltei quando me encontrei e como foi reconfortante me esquecer, ou não foi? ah, o esquecimento, talvez eu precise mergulhar meus dedos no vinho e tirar o som perfumado de taças de cristal, talvez eu tenha tido um amor de valia, eu me lembro do sol nascendo e isso é bom, me lembro de vozes de pessoas que não existem, e muitos caíram no esquecimento, o que é uma flor caída no esquecimento? seu perfume ainda é poesia?, serve aos pássaros?, as flores não falam, simplesmente roubam minha memória, e as rugas da vó Amélia, o fogão de lenha e o cheiro do café, os passos arrastados, as cinzas, o azul profundo dos olhos dela, ela se encontrou?, qual o sentido de ela ter passado por aqui? qual o sentido das suas mãos envelhecidas? onde ficaram suas palavras? um pássaro pousa num velho paletó e não há ninguém ali, só um paletó puído e o vento o atravessa, alguém esteve ali?, talvez alguém se lembre, eu me lembro do sol morrendo e isto guarda o gosto de mãos macias tocando o crepúsculo que escorre sob minha pele, esqueci algumas pedras, alguns tons de azul, esqueci o tempo,... mas o banco sempre lembra de mim, de você, ele sempre terá histórias pra contar, você sabe, não? somos parte de tudo isso e o que lhe conto já faz parte de ti, se você me encontra aqui
encontrou a si mesmo, sabe que não sou velho, sou antigo..." Dinegritu Fumanchu