sábado, 26 de março de 2011

Vivemos esperando


Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos
Para trás
Vivemos esperando
O dia em que
Seremos melhores
Melhores no amor
Melhores na dor
Melhores em tudo
Vivemos esperando
O dia em que seremos
Para sempre
Vivemos esperando
O dia em que seremos
Para sempre
Jota Quest

sexta-feira, 25 de março de 2011

O fogo amigo.


Hoje, eu e um colega presenciamos uma cena deprimente, digna da Divina Comédia:

Um indivíduo debatendo-se no labirinto da inveja, a dissimular um sentimento tão grande de exclusão, tal qual um morto-vivo, condenado, em vida, aos carcéres do inferno emocional.

Lembrei-me, num atmo, de Olavo de Carvalho que, na Dialética da Inveja, já asseverava que o homem torna-se invejoso quando desiste intimamente dos bens que cobiçava, por acreditar, em segredo, que não os merece. O que lhe dói não é a falta dos bens, mas do mérito. Daí sua compulsão de depreciar esses bens, de destruí-los ou de substituí-los por simulacros miseráveis, fingindo julgá-los mais valiosos que os originais.

A criatura debatia-se incontrolavelmente, num misto de inveja vulgar (ter e ser como o outro), com uma pitada de inveja espiritual , um certo ressentimento, pois sabe, bem no íntimo, que jamais provará do jubilo daqueles que venceram o "bom combate". Pressente, em seu âmago, o quão miserável é a sua sina. Um infortúnio talhado pelas suas próprias atitudes e sentimentos. Um abismo tão grande que não há, no mundo, nada que possa preenchê-lo. Vida estéril. Existência inútil.

Durante alguns minutos permanecemos ali, paralisados diante daquele espetáculo dantesco, para qual sequer compramos ingresso, sem poder reagir, racionalmente, aos delírios daquele ser frenético, de semblante convulcionado pelas próprias frustações.

Não havia nada a ser feito, nem dito. Só nos restou "bater em retirada", melhor estratégia quando se está diante de mentes insanas.

Aprendi, lendo as fábulas de La Fontaine que não há dialética possível diante de um insensato.

O cordeiro que o diga, não é mesmo!