domingo, 15 de novembro de 2015

Lavando a alma....




Chuva boa caindo lá fora, prenúncio de festa neste meu cerrado....por vezes lágrimas que vertem de outros cantões do mundo, corações que choram ante ao ódio disseminado lá e cá, amiúde entre mensagens de hipocrisia e falsa cordialidade....
Quero banhar-me nessas águas sem desespero, estou tão cansada da secura que ando enfrentado no deserto de tantos desencontros, falta de amor e disposição para o outro, parece que envelheci mil anos nos últimos meses.
Cheguei há pouco aos 50, buscando forças para dar conta de todos os compromissos e tarefas que me propus realizar, e ao mesmo tempo com uma vontade louca de lagar tudo e viver de brisa, fotografando o céu de Brasília, escrevendo bobagens sem nexo, pintando e bordando, reorganizando os meus pedaços.
Parou a chuva, o cheiro de terra molhada e o canto alegre dos pássaros juntam-se aos sussurros de mais um fim de tarde, alguns trovões ainda remanescem do temporal passado, lembram um pouco a minha impaciência, o som feroz da minha consciência que já não mais aceita grilhões e amarras emocionais. Um grito de liberdade que ecoa pelo firmamento.
Esvaziando, pois a leveza é sempre boa companheira para quem já sente as dores da idade a refletir na coluna, síndrome de Atlas.
Mais um estrondo repercute na janela e estremece o domingo que se arrasta lentamente para o ocaso, rompendo o silêncio absurdo das palavras perdidas, mudas e inexpressivas, quem sabe adormecidas em castelos longínquos, a espera de um príncipe qualquer que as façam reverberar em múltiplos e infinitos significados...