segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A vida que pulsa.




Terra revirada, aberta e exposta, ávida pela semente que nela há de se deitar e acordar vida, broto, fruto e ser.
A primeira vista mais parece chão arrasado, solo seco, paisagem sem atrativos e completamente desnudada de vitalidade e beleza.....mas se você parar e olhar detidamente, há de enxergar um movimento de transformação em cada centímetro desta charneca e, se apurar ainda mais os sentidos, ouvirá ao longe os sons da seiva vital a percorrer o útero deste belíssimo campo santo, num espetáculo universal de renascimento sagrado.
O tempo de preparação não é nada comparado ao que virá depois. A demora será compensada pelo preenchimento de todos os espaços férteis e de duradoura colheita de âmbar e mel.
A obra de uma vida não acontece de repente, é mais uma construção diária de fé e coragem.
Resta-nos, então, cultivar a paciência na espera e a confiança de que tudo acontecerá no momento apropriado, pois cada pequeno passo, cada minuscula semeadura, nos conduzirá ao éden de nós mesmos, nosso reencontro com o numinoso, com a vida que transborda através de nós, para além de nós, apesar de nós.    

"Às vezes, o vazio não é um vácuo, mas sim uma longa gestação. A gestação pelos parâmetros do ego é sempre longa demais. Mas, pelos parâmetros da alma, a duração da espera e da criação interna, antes que o que está sendo criado se mostre externamente, é sempre a duração correta".  Clarissa Pinkola Estés - Libertem a mulher forte.