segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Desejos para 2013......


 Passa o tempo e não perco o vício de desejar sempre e, com tamanha intensidade que até pareço uma adolescente.....talvez na alma ainda seja uma menina diante da eternidade que tenho pela frente. Conforta-me pensar assim, não obstante saber que essa visão romantizada da vida representa uma espécie de fulga em relação ao inexorável perecimento do ser.
Mas, como os desejos são só meus, posso desejar o que quiser e assim, desejo
muitos desejos para 2013, entre eles:
 

  





 Muito amor, pra mim e pra todos que o mereçam, pois o amor, em qualquer de suas dimensões, nos faz seres melhores e sem tempo de ficar "infernizando" a vida alheia!!!!





Desejo amizades sinceras, amigos de verdade, que você pode contar nas boas e más horas, amigos imperfeitos como eu, porém autênticos e solidários! Amigo-irmão, amigo-amor, amigo-amigo mesmo! 

 






Que 2013 traga-nos paz, momentos a sós, de reflexão e revelação.....que possamos compreender que estar bem consigo mesmo é uma benção e que a nossa "felicidade" independe de quem quer que seja.







Compartilhar a vida, por outro lado, também é importante.....ter com quem dividir momentos,
descobertas, sensações.....conviver com o outro,
respeitando suas diferenças e amando-o na sua mais completa individualidade.





 




Que não nos falte força, energia, garra e determinação para enfrentar as "batalhas" do dia-a-dia, pois o bom combate exige guerreiros preparados e persistentes, que saibam contornar os obstáculos e até recuar quando for preciso.










 





Que a liberdade de ser o que se é, em essência, esteja sempre entre os objetivos principais da vida, pois ter que "representar", 24 horas por dia, o que não se é e jamais se será, vamos combinar: é de lascar!!!!


 Que sejamos sempre abençoados, independente da crença ou religião que abraçamos, procurando, na medida do possível, observar a máxima: não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você ou com o seu filho.


Que em 2013 tenhamos boas noites de repouso, que  possamos dormir um sono profundo e reparador, com sonhos bons e que esse descanso revigore nossas energias para a vida em família e para o trabalho.

 


 






Desejo ainda que 2013 seja repleto de momentos de lazer, leituras, passeios, viagens.....que a ânsia de explorar o nosso "eu" nos contagie da mesma forma como somos tomados pelo recorrente anseio de conhecer o mundo, explorar terras estrangeiras.....







Em 2013 quero olhar o mundo com os olhos de uma criança que, cheia de saúde e vitalidade, sai por ai a aventurar-se pela vida, experimentando cores, sabores, aromas.... ávida de conhecimento, louca por histórias, vazia de experiências e pré-conceitos.
Nada de ilusão, só a certeza de que cada dia é uma vida
inteira de possibilidades que se abre a minha frente!




E QUE VENHA 2013!!!!!!!!!!!
 
 
 

sábado, 1 de dezembro de 2012

Enfim, dezembro!





E 2012 está no início do seu fim, a dezembrar descaradamente seus dias nús, derradeiros.
Que ano, ufa!!!! repleto de vida, muitas horas agradáveis, outras nem tanto, a ponto de não valerem sequer a lembrança!
O que importa é que estamos todos aqui, vivos e audazes, desafiando os ponteiros do relógio, implacável vilão que nos impele a enxergar o inexorável movimento do universo: só de ida, usufruto do agora, sem possibilidade de voltar no tempo ou adiantar-se para o amanhã.
Somos viajantes do tempo, ocupantes temporários de corpos, casas, cargos.....meros hóspedes que nada têm de seus, além de sentimentos e sensações, experiências e vivências.....bagagem um tanto singela para aqueles que matam e morrem por tesouros efêmeros: dinheiro, poder, fama, bens materiais.....o ouro dos tolos, que acaba por ofuscar o brilho daquilo que realmente tem valor na vida: O AMOR.
O que mais precisamos é de amor, em todas as suas vertentes, amor de amigo, amor de mãe, amor de amante, amor de filho.....Eros, Ágape, enfim, AMOR.
Sou dessas que não vive sem amor e por isso mesmo coloca amor em tudo que faz, desde um simples arroz com feijão, como no dia-a-dia dos pareceres, das peças artesanais, do lidar com o outro....é óbvio que nem todos os dias sou assim essa seda de pessoa, há momentos de ira, erro e dor, necessários muitas vezes para o devido reajuste da rota a ser seguida, rearranjo interior, diante de imperfeições tão minhas, quanto de qualquer ser.
E para finalizar, nesse balanço entre perdas e ganhos, realizações de um ano muito produtivo e  expectativas para o ano vindouro, só desejo uma única coisa, pra mim e para todos: 
SAÚDE e AMOR.
 
"...Pois de amor andamos todos precisados! Em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente! Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando".
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Eu te desejo......


MUITOS DESEJOS E MUITA VIDA!!!!!!
Desejos de amor, carinho, respeito e amizade, pois a vida sem esses temperos básicos é de amargar.....saúde tambem é importante, item de primeira necessidade e, se der, dinheiro será
sempre bem-vindo!
Porém, o que eu mais desejo a você é CORAGEM!!!!!
Coragem para ser o que você é em essência.
Coragem para romper com as amarras emocionais que lhe interditam a vida.
Coragem para reconhecer seus defeitos, fraquezas e limitações e mais coragem ainda para
superar cada um desses obstáculos.
Coragem para enfrentar os medos e a opinião alheia.
Coragem para sonhar e desejar; permitir-se.
Coragem de errar e, em seguida, recomeçar do zero.
Coragem para viver cada segundo do jeito que você quiser, porém, de forma real e leal, uma
vida verdadeira, nada de fantasias virtuais, onde o que se diz não é o que se faz.
Coragem para aceitar o outro e admitir que o mundo não gira em torno do seu nariz.
Coragem para sorrir com liberdade, dizer o que pensa, ouvir a música que gosta, vestir-se como
bem quiser, comer o que tiver vontade, dormir quando tiver sono.
São tantas convenções a serem seguidas e expectativas a serem atendidas que chegamos a esquecer do que realmente gostamos.... o "ter de" acabou por sufocar os nossos desejos, viciar as nossas vontades e nublar o sol da vida.
Te desejo o encanto dos enamorados, a curiosidade pueril e a pureza dos que olham o mundo pela primeira vez.
Te desejo vida.         

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Tanta vida.....



Vivo num multiverso, numa conversão de várias vidas possíveis.
Em universos paralelos reconheço-me aqui e acolá, sei de todas as minhas existências e cada uma delas sabe de mim.
Bolhas de sabão flutuando numa imensidão cósmica, quântica e transmutacional. Todos os "eus" numa perfeita sincronia de retroalimentação e fusão.
Perfeito ajuste entre campos vibracionais que se agregam e se dissipam, pulsando: contração, expansão - luz e escuridão. 
A essência de cada partícula que, a par de sua individualidade, também mantem-se ligada ao todo e só em razão dele subsiste.
Muitas lentes, visões do profano e do sagrado....condensação de experiências, sensações....o fogo primevo, nascer e morrer.
Uma consciência massiva e perene, por onde quer que eu vá, sei antes o que vou encontrar....não é só intuição, é lembrança do que está por vir.
Nessa sucessão de mundos, pertenço só a mim e construo assim minha real identidade, com a indelével certeza que o melhor lugar para se estar é o aqui e o agora, neste exato tempo e espaço.
Eis o que tenho, o possível, o real, o palpável.  
De tudo, um pouco. Do todo, muito.   

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O caminho de volta.....


Meu querido avô Augusto Rippi,

Demorou mais vou fazer o caminho de volta.....tornerò a casa nostra!!!!!
Ainda bem que não vou ficar 30 e poucos dias navegando pelo oceâno, num navio repleto de imigrantes, exposta a todo tipo de situação (fome, doenças, medo, etc), em busca da "terra prometida", de uma oportunidade digna de trabalho, como fizeram o Bisnonno Arturo, você e tantos outros italianos que elegeram o Brasil como um novo lar.
Adoraria ter te conhecido Vô, ter me aninhado no seu colo para ouvir todas as histórias dessa épica viagem.....histórias de dor, de guerra, de abandono da terra de nossos ancestrais, de perda, de lutas e muito, muito trabalho nas fazendas de café do interior paulista.
Queria tanto te dizer que orgulho-me muito de você e de todos nossos antepassados.....povo trabalhador, aguerrido, honesto....em nenhum momento fraquejaram diante das adversidades, pelo contrário, as dificuldades moldaram fortemente o caráter de cada um, tornando-os grandes guerreiros e desbravadores da América! Não é atoa que depois de duas ou três gerações é possivel de se ver muitos descendentes de italiano em boas condições de vida no Brasil, não mais os escravos brancos de outrora. Isso tudo com o esforço do trabalho duro, honesto e sem artimanhas ou atalhos.
Todo o seu sofrimento valeu e tem valido à pena Vô, pode ter certeza!!!! A qualidade da semente tem garantido bons frutos até aqui. Honrarei sempre as nossas raízes, orgulhando-me de ser uma legítima "carcamana", em todos os sentidos!
Onde quer que você esteja, peço que acompanhe-me nesta viagem de retorno, de reencontro com as minhas raízes, protegendo-me e guiando meus passos rumo à nossa essência.....que eu consiga reconhecer em cada um dos habitantes da Velha Bota um pouquinho de você, do Nonno.....aguçe minha percepção e prepare meu coração para esta grande aventura em busca de uma identidade cultural, emocional, espiritual.......sou folha lançada ao vento, vela içada ao mar, pronta para sentir tua mão amiga a mostrar-me o caminho........
Tá chegando a hora, vamos embora Nonno Augusto!!!!!!          

 

Egos em chamas!!!!!!!




Narcisos e Eugênios.....não sei se tenho asco ou pena....passam anos ao lado de outras pessoas e sequer as conhecem. É bem típico dos egoístas olharem só pra si, não enxergarem o outro ou, quando o vê, toma-o como se fosse igual a si: desprezível, mesquinho, mediocre. Quanto tempo perdido, quanta energia desperdiçada, oportunidades de crescimento e aprendizagem adiadas. Não há nada que possa mudar a alma refratária dos seres que se acham melhores do que os outros.....os eleitos, os ungidos, os iluminados......nem a dor, quicá a morte, talvez....

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Saber inútil.


Conhecimento nem sempre gera o poder de modificar a si e as circunstâncias ao redor. Há casos em que quanto maior o grau de instrução do indivíduo, maior a sua arrogância e prepotência. Conhecimento jogado fora, não utilizado em favor do outro ou para o bem da coletividade... Graduação, Mestrado, Doutorado, pós Doutorado...tudo em vão, pois na prática a pessoa não aplica o que aprendeu em benefício de ninguém, quiça de si própria. Aos vermes de nada servirão tantas láureas. Muito investimento pra quase nada.....o emboloramento do saber acaba por asfixiar o próprio ser, envenenando-o lentamente, até torná-lo totalmente cego, letalmente ensimesmado e endurecido. O que não pode ser compartilhado deixa de ser uma alegria e transforma-se, rapidamente, num pesado fardo,  invencível cárcere emocional. O prazer em ser um instrumento de transformação de realidades em benefício do próximo revitaliza a alma e preenche de significado a vida do mais humilde ser humano. 

Much ado about nothing, diria Sir William Shakespeare.




segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sem saída....

Alguns ícones e standarts que utilizamos dizem muito sobre nós, objetiva e subjetivamente. Dogmas e modelos que tornam-se padrão de comportamento de determinados grupos revelam o núcleo, a base e a essência de referidos seres, para o bem e para o mal. Cada um é aquilo que acredita, que professa e que constrói no dia-a-dia de suas relações consigo e com o outro, não sendo possível camuflar por muito tempo a real persona que se é, a que prevalece a despeito de todas as outras necessárias máscaras, aquela que respira ofegante ao cair da noite, enquanto o sono não vem.....Há momentos da vida em que os anti-heróis vencem todas as resistências e as batalhas que travamos com nossos "eus" submersos, como se fosse o último suspiro de vida possível....Não há saída para aqueles que só construíram túmulos, como não existe heroísmo no massacre daquilo que já encontra-se morto.

domingo, 17 de junho de 2012

As folhas do outono



Não é fácil ser outono.
Quem o aguarda ansioso?
São as folhas que caem,
é o vento que anuncia friezas.
Nostalgias. Recolhimento.
Tão meigo e tímido,
no entanto,
só parece querer avisar
que a cada folha que cai
nada se esvai, apenas vai
pra poder voltar…


Mais Folhas:
“Um borboleta amarela?
Ou uma flor seca que se desprendeu
e não quis pousar?

[Mario Quintana]

“Sei como voltar:
as cores do meu outono
desenham caminhos.”

[Yberê Libera]

“Repara que o outono
é mais estação de alma
de que de natureza.”

[Nietzsche]

“Nos dias de outono
as folhas largam no ar
um cheiro de sono.”

[Cristina Saba]

“As vezes eu só preciso do outono…”
[Rachrs]

“Ventania de outono
Tenho que andar
segurando a saia.”

[Dani Leão]

“Ventos frios de outono
as folhas brincam
de esconde-esconde.”

[Verita]

“Duas folhas na sandália
o outono
também quer andar.”

[Paulo Leminski]

É OUTONO!
do site http://www.mariafilo.com.br/blog/?p=20331

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Voluntário cárcere

 

Quanto mais eu vivo, mais eu desejo refugiar minha'lma num lugar onde prevaleça o amor, a ética, a compaixão pelo outro, pela natureza, pela vida em todas as suas formas......eis que descubro meu voluntário cárcere, minha prisão pérpetua, meu exílio espontâneo.....
O atalho surge atráves da música, da poesia, da literatura e artes em geral.....um mergulho, uma imersão no que realmente alimenta  meu ser, ávido de sentidos, significados, emoções verdadeiras....
Há quem busque nas substâncias psicotrópicas esta fuga do mundo real.....já o meu ópium vem de dentro de mim.....encontro-o nas fibras da minha essência primeva, telúrica e diáfana.
Hoje despertei com uma vontade incontida de passar o dia nessa instância, em suspenso, presa aos grilhões da intuição e flutuando entre cores, flores, palavras e sensações.....
Começo o dia cantando essa música linda, cuja letra transcrevo abaixo.....meu passaporte para mais um dia mágico, prisão sem chaves a que fui condenada pela eternidade!!!!!

Vilarejo - Marisa Monte


Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar

Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção

Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

sábado, 26 de maio de 2012

Numa manhã apaixonada de maio.....


Ainda bem que neste mundo tão deserto de sentimentos eu encontrei você....
Ainda bem que eu tive sorte de experimentar com você a sensação maravilhosa de amar e ser amada.....
Ainda bem que nos olhos seus eu consigo enxergar o pior e o melhor de mim, sem vergonha de admitir o que a minha triste condição humana teima em esconder......
Ainda bem que através de você e com você descobri minha porção mulher, meu lado mãe, trazendo à vida duas almas iluminadas, abençoadas.....nossos filhos.....
Ainda bem que com você tenho a oportunidade de viajar e conhecer lugares encantadores, dentro e fora de mim.....
Ainda bem que eu tenho você ao meu lado, meu amigo, meu amante, meu companheiro de viagem nesta vida, que depois de você, tornou-se uma grande festa, um poema de amor e alegria.

Esta música é pra você meu amor.....     

 

Ainda Bem

Vanessa da Mata

 

Ainda bem
Que você vive comigo
Porque senão
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá...
Nos dias frios em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto
De amar, de amar

Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me mandam são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Ainda bem
Que você vive comigo
Porque senão
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá...
Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me mandam são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Neste mundo de tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa, hein?
Entre tantas paixões
Esse encontro
Nós dois
Esse amor

Entre tantos outros
Entre tantos anos
Que sorte a nossa, hein?

Entre tantas paixões
Esse encontro
Nós dois
Esse amor.

domingo, 13 de maio de 2012

Só pra chamar a atenção....



Ter opinião diversa da dos outros sobre algum tema é uma coisa, agora ser  invariavelmente "do contra" em quase tudo parece que virou moda (tem quem ache que é chic parecer crítico). É querer impor ao observador a sua visão do fênomeno em detrimento da dele, já inferindo que a sua é a melhor, a mais apropriada, a correta....é chamar atenção sobre si, um "ser genial" em destaque na "manada pensante", privilegiado pela "visão mais adequada" de um objeto qualquer. E nessa tarefa inglória de ser diferente para fugir da mesmice de ser o que se é em essência, perde-se muita energia, deixa-se escapar muitas oportunidades de viver momentos de contetamento com as coisas mais banais da vida, o trivial, o cotidiano, a rotina, os clichês.....tudo transforma-se em gatilho para a avalanche de fúria, mal humor e azedume da sábia e taciturna figura. Ai de quem ousar contrariar suas epifanias.....tornar-se-á, por certo, um excomungado, um exilado do seleto grupo dos admiradores das divindades pensantes.....
Para desalento geral, essa busca alucinada por "ser diferente" só para ser destaque e chamar atenção do grupo já é, por si só, um processo de "igualização", "carneirização" dos seres em desalinho com sua própria natureza, negada ao extremo (por incompreensão ou outras desarmonias psíquicas e emocionais de estilo), que passam a comportar-se diante da vida sempre do mesmo modo: contrariando a maioria (esteja ela certa ou não), na direção oposta , nadando contra a maré......não que realmente sejam assim, mas porque assim passaram a "existir" para o outro, contrapondo-o naquilo que mais gostariam de ser e por falta de coragem (ou oportunidade), não são.  
No fundo, é como diz a canção: E ô ô, vida de gado, povo marcado, povo infeliz.        

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Olhe para o céu.....


Naqueles dias em que estou cansada, desanimada com a vida, desencantada com as pessoas, olho para o céu e tento respirar pra dentro de mim toda a luminosidade das estrelas, o calor do sol, a liberdade dos pássaros, o mover singelo e silencioso das nuvens, o mistério dos ventos.....quero tudo em demasia, tudo que não tenho quando enxergo a vida com os olhos do corpo....afinal, nesta altura da vida já ando com as vistas cansadas.....duas cirurgias para corrigir miopia, hipermetropia, astigmatismo e presmiopia acabaram por interfirir na minha acuidade visual.....as moscas volantes, então, as tenho como fadas a rodopiar a minha volta....resumindo, só estou aguardando a chegada da catarata pra situação embaçar de vez. rsrsrsrsrsrs.....enquanto isso, vou trupicando por aí, vendo de  tudo um pouco, e quase sempre mal.... 
Falando em vistas cansadas, segue abaixo um lindo texto sobre "o olhar sem ver", uma boa reflexão sobre a cegueira que nos acomete com frequencia e nos impede de admirar as mais belas paisagens, aquelas que nos aproximam mais do divino e do sagrado, instâncias tão massacradas pela lente da razão.    

 
Vista cansada
Otto Lara Resende


Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.


Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.


Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.


Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.


Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Texto publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, edição de 23 de fevereiro de 1992.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O divã na sala de audiências

Segue artigo escrito em parceria com a querida Elizabeth Amarante, que retrata o nosso dia-a-dia na sala de audiências.



Inicia-se mais uma sessão, digo, audiência no 1º Juizado Especial Criminal de Brasília, cuja competência abrange crimes e contravenções em que a pena máxima em abstrato não ultrapasse 2 anos, os chamados delitos de pequeno potencial ofensivo, além de casos residuais envolvendo violência doméstica e familiar.

É explicado às partes que, num primeiro momento, será tentada uma conciliação entre ambas, em outras palavras, um acordo que coloque fim ao problema. É nesta oportunidade que temos o primeiro contato com o conflito, suas vertentes e seus protagonistas. Deixamos de lado o caderno processual, fechamos o Código Penal e passamos a exercitar a escuta ativa, com mente e coração abertos.

Ao contrário do que via de regra ocorre com os operadores do Direito, que buscam convencer pela oratória hermética, diante dos que desconhecem os labirínticos caminhos do discurso jurídico, nós, nas "sessões" do 1º Juizado Especial Criminal, praticamos mais a escutatória, como diria o Prof. Carlos Ilha. A tudo ouvimos, sem pré-conceitos e respeitando o ser que ali desnuda toda uma vida, quase sempre de amarguras e misérias. Nos colocamos no lugar do outro e, não raras vezes algumas histórias reabrem em nós antigas feridas, nos remetem a traumas ainda não superados.

Como é difícil deixar de lado o papel e as vestes talares, muitas vezes usadas para esconder o que há de humano em nós e criar uma percepção questionável de respeito, autoridade e sabedoria. Enxergar vidas por detrás de cada página dos autos é algo transformador . Não é só mais um caso, é um pedido de socorro. A transgressão é uma forma de chamar a atenção para algo que não está bem resolvido e, cabe a nós esta percepção e a adoção de uma postura que transforme aquela dor em algo de útil para o ser e para o grupo social em que ele está inserido. Não é só aplicar a lei, é fazer dela um instrumento de concretização de direitos e de crescimento pessoal.

Depois de um manhã de audiências, vamos para a casa e levamos juntos de nós aqueles olhos desesperados que suplicavam uma internação, outros, tristes, desertos de emoção, alguns despedaçados pela agressão sofrida, tanta dor e desencontro que não encontram o lenitivo esperado na prestação jurisdicional.

Parecem nos dizer: ‘Excelências, nós queremos mais, precisamos de mais, não nos ignore mais'!.

Dentro de tudo isto, lembramos de um ditado de nossos antepassados: ‘A cada dia o seu mal', fazendo da principal meta, seguir um passo depois do outro.

A dificuldade em descortinarmos as emoções dos que buscam na sala de audiências o lenitivo para as dores da alma, é nos depararmos com as nossas próprias emoções, diante da imprescindível razão que deve nos socorrer. Em certos momentos, na catarse de uma audiência, sentindo-nos mais próximas das dores e problemáticas alheias, a razão nos diz que não devemos estarmos tão próximas a ponto de nos paralisarmos ou nos apaixonarmos pelas causas, embotando nossas decisões.

A catarse dá espaço ao surgimento de insights e daí as decisões permitem-nos o direcionamento destas vidas em conflitos a ponto de percebermos que tal direção significa o ‘marco zero', o recomeçar, o pegar o ‘trem noturno para Lisboa' (Pascal Mecier). Dizemos nestes momentos: 'Saia desta situação, veja a que ponto você fez concessões, porque estas não são uma só, elas replicam-se, até o sentido do self desaparecer'. E a resposta, em alguns casos, vem na afirmação ou pensamento:Tem as Doutoras vidas tão confortáveis! É em verdade, na essência do assim entender, o desconhecimento, ou o não querer ver, que somos os seres que sofrem as mazelas e as felicidades do viver, sendo que o que nos é impresso em nossos atos são as lembranças de nossos afetos e dissabores, quando então, nós próprias nos deparamos com a dificuldade em atuar e ser aquilo que pretendemos para o outro, se naquela situação estivéssemos.

Como dito acima, os traumas não superados, ressurgem quando, naquela situação a ser debatida em audiência, é ou foi vivida por nós, aplicadores do Direito.

A vitória sentida, neste momento, é estarmos não só acolhendo aquele ser, mas também unindo-se a ele na dor que também nos é própria.

Portal Clube Jurídico do Brasi

sexta-feira, 23 de março de 2012

Quando Você aceita o que é - Eckhart Tolle



Trechos do livro: O poder do Silêncio
- Eckhart Tolle -

“Quando você aceita o que é, atinge um nível mais profundo. Nesse nível, seu estado interior não depende mais dos julgamentos feitos pela mente do que é bom ou ruim. Quando você diz sim para todas as situações da vida e aceita o momento presente como ele é, sente uma profunda paz interior.

A aceitação e a entrega se tornam muito mais fáceis quando você percebe que todas as experiências são fugazes e se dá conta de que o mundo não pode te oferecer nada que tenha um valor permanente. Ao aceitar e entregar-se, você continua a conhecer pessoas e a se envolver em experiências e atividades, mas sem os desejos e medos do “eu” autocentrado. Você deixa de exigir que uma situação, uma pessoa, um lugar ou um fato te satisfaçam ou te façam feliz. A natureza imperfeita de tudo pode ser como é

A ironia é que, quando você deixa de fazer exigências impossíveis, todas as situações, pessoas, lugares e fatos ficam satisfatórios, harmoniosos, serenos e pacíficos.
Quando você deixa de resistir internamente, abre-se para a consciência livre de condicionamentos, que é infinitamente maior do que a mente humana. Essa vasta inteligência pode então se expressar através de você e ajudá-lo tanto por dentro quanto por fora. É por isso que, ao parar de resistir internamente, você costuma achar que as coisas melhoraram.

Você acha que estou lhe dizendo: “Aproveite o momento, seja feliz”? Não. Estou dizendo pra você aceitar este momento tal como ele é. Isso já basta.
A História mostra homens e mulheres que, ao enfrentarem uma grande perda, doença, prisão ou a ameaça de morte iminente, aceitaram o que era aparentemente inaceitável e assim encontraram “a paz que vai além de toda compreensão”.

Há situações em que nenhuma resposta ou explicação satisfaz. Nesses momentos a vida parece perder o sentido. Ou alguém em desespero pede sua ajuda e você não sabe o que fazer ou dizer. Mas quando você aceita plenamente que não sabe, desiste de lutar contra a resposta usando o pensamento de sua mente limitada. Ao desistir, você permite que uma inteligência maior atue através de você. Até mesmo o pensamento pode se beneficiar disso, pois a inteligência maior flui pra dentro dele e o inspira.”

“Às vezes entregar-se significa desistir de querer entender, e sentir-se bem com o que você não sabe.

O "Eu"...grande causador de problemas

Quando você se entrega, a noção que tem de si mesmo muda. O “eu” deixa de se identificar com uma reação ou um julgamento mental e passa a ser um espaço em torno dessa reação ou desse julgamento. O “eu” não se identifica mais com a forma – o pensamento ou a emoção – e você se reconhece como algo sem forma: o espaço da consciência.

Deixe que a Vida seja!”

“Sempre que você presta atenção em alguma coisa natural, em qualquer coisa que existe sem a intervenção humana, você sai da prisão do pensamento e de certa forma entra em conexão com o Ser no qual tudo o que é natural ainda existe.

Prestar atenção numa pedra, numa planta, num animal, não é pensar nele, mas simplesmente percebê-lo, tomar conhecimento dele. Então algo da essência desse elemento da natureza se transmite a você. Sentir a calma desse elemento faz com que a mesma calma desponte no seu interior. Você sente como ele repousa profundamente no Ser – unido ao que é e onde é. Ao se dar conta disso, você também é transportado de volta para um lugar de repouso no fundo do seu ser.

Veja como cada planta e cada animal são completos em si mesmos. Ao contrário dos seres humanos, eles não se dividem. Não precisam afirmar-se criando imagens de si mesmos, e por isso não precisam se preocupar em proteger e realçar essas imagens. O esquilo é ele mesmo. A rosa é ela mesma. Contemplar a natureza pode libertar você desse “eu” que é o grande causador de problemas.

sábado, 17 de março de 2012

Capturando memórias



A hora do recreio está acabando e, para que os bons momentos não me sejam levados sem prévio aviso, vou salvando minhas memórias (as boas e as más) neste espaço virtual, em arquivos para a posteridade. Mesmo que ninguém as leiam, restarão gravadas, eternizadas em palavras, imagens, sons.....
Não deixa de ser um conforto, quem sabe um dia, lendo cada um dos post aqui perfilados eu consiga resgatar tudo que perdeu-se nas não-lembranças, amarelecidas pelo tempo que passou e deixou suas marcas em mim, apagando as letras das minhas canções preferidas, embaralhando os enredos dos livros que li, desconectando as rimas dos versos que me fizeram suspirar........
O que vivi ficará tatuado na minha'lma, mesmo que a mente delete todas as recordações, pois tenho comigo  a indelével certeza de que as sensações e emoções sempre sobrevivem, caligrafias invisíveis que são nas páginas em branco do grande livro da vida.   

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Medusa Moderna


Eis como sinto-me hoje: a medusa moderna.
As serpentes interiorizaram-se e fizeram ninho em minha mente,
lugar propício para manterem-se vivas, vorazes e atuantes, sem serem
notadas pelos proto-Perseus.
A profusão de pensamentos representada pelos fartos cabelos de cobra,
o mito e a força do feminino.
As habilidades de uma górgona que não dá conta de resolver seus próprios
conflitos existenciais e refoge-se na figura de um monstro mitológico um tanto
quanto mal compreendido, já que na verdade era uma deusa, uma tríade, antes nascida
bela donzela. Aterrorizante tornou-se só depois, porém, manteve-se encantadora.
O escudo, o amuleto, àquela de cuja morte extraiu-se outras vidas magníficas....não há o que temer, pois morre-se um pouco a cada dia.
Diferente do mito, não trago no olhar o desamor paralisante e já não mato àqueles a quem amo, pois aprendi que este é o alimento primordial da minha alma.
Salvou-me a poesia, o Pegasus que alçou-me ainda petiz das entranhas da escuridão. Minha redenção.
É no escudo do seu olhar que vejo minha imagem refletida e esta visão liberta-me de todo
cárcere, ungindo a minha fronte com o bálsamo do amor e da compreensão.
Sou uma simples mortal que foi tocada pelo sentimento divino de um deus.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Io sonno tutti le cosi


 
“Io sono l’assurdo che si materializza.
 Io creo mondi possibili e ci cammino dentro,
 li guardo, li tocco, ci viaggio,
 ed essi hanno la stessa consistenza di quelli reali.
 Io sono l’improbabile che aquista un senso,
 gioco con fili di parole leggeri come nuvole
 che diventano abiti, su misura.
 Ed essi vestono personaggi
 irreali e folli, che sfilano per il mondo
 inconsapevolmente portando me
 sulla loro pelle.
 Perchè in ogni opera c’è dentro della vita.
 Ogni parola è creata da un uomo
 al pari di una lacrima.
 Io sono il virtuale
 che si attualizza
 inaspettatamente.”
 (Anton Vanligt) da "Mai Troppo folle"

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Sou tantas....

 
(...) "Eu sou três, dependendo da pessoa que me procura. A menina ingênua, que fica olhando o homem com admiração, e finge estar impressionada por suas histórias de poder e de glória. A mulher fatal, que logo ataca aqueles que se sentem mais inseguros, e ao agir assim, tomando o controle da situação, os deixa mais à vontade, porque eles não precisam se preocupar com mais nada. E, finalmente, a mãe compreensiva, que cuida dos que estão precisando de conselhos e escuta, com um ar de quem compreende tudo, histórias que estão entrando por um ouvido e saindo pelo outro. Qual das três você quer conhecer? (...) Embora na minha alma, eu seja uma filha que precisa de carinho." (...)

Paulo Coelho, em Onze minutos.

A lucidez que me cala....


“Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? Assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: Pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: Que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano — já me aconteceu antes. Pois sei que — em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade — essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém.” (Clarice Lispector)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Humor: Ria dos Críticos

Escrevi há algum tempo que o universo cibernético abriu espaço para todo tipo de informação, algumas confiáveis, outras nem tanto....ganhou-se em amplitude, não em profundidade. Da mesma forma, nas redes sociais podemos observar seres de todas as espécies, inclusive os famosos "sabichões", "donos-da-verdade" que passam o dia em  frente à tela do computador vociferando contra tudo e todos que ousem divergir de suas "pérolas diárias de sabedoria". Neste caldo cultural também destacam-se as figuras que gostam de dar pitaco em tudo, os críticos de plantão, cujas análises variam sobre os mais diversos temas....de A a Z..... cuidado, se você chamá-lo de Google, ele atende rsrsrsrs

Falando em críticos profissionais, dia desses li um post muito legal no blog tudoemcima.blogspot.com e resolvi compartilhá-lo, aqui, pois ele traz um resumo muito detalhado desta "casta" de semideuses e, é de bom tom saber como agir diante de tão sábias figuras.......Ai vai:



Vamos ser francos: não existe nada mais patético do que “críticos profissionais” que se levam a sério. Enquanto milhares de pessoas ganham a vida produtivamente construindo pontes, realizando cirurgias cardio-vasculares, entregando cartas, escrevendo livros ou retirando os lixos das ruas, existem certas pessoas que vivem de “tecer opiniões sobre o trabalho dos outros”.

Não que tenhamos algo contra a expressão de opiniões, algo normal e até louvável. O problema começa quando uma parcela da população passa a ganhar dinheiro fazendo isso e, tristeza das tristezas, passa a acreditar piamente que essa profissão é realmente algo de vital importância para a raça humana, a ponto de merecer respeito ou mesmo admiração incontestes!

Mas é fácil entender porque os tais “críticos profissionais” são, com raras exceções, tão virulentos e ferozes ao defender a sua maneira de ganhar o pão de cada dia. Imagine só como fica a cabeça de uma pessoa que, no fundo, sabe que é apenas um pária social, um tipo de sangue-suga, que passa a vida tendo que tecer opiniões (geralmente negativas) sobre o trabalho produtivo realizado pelos outros - o qual (via de regra) ele não seria capaz de realizar.

Deu pra sentir a que níveis vão a insegurança, o medo e a falta de auto-estima dessas pessoas? Se não bastasse todos nós termos que lidar com esse tipo de limitação psicológica (inerente à espécie humana), pense como seria viver todos os dias sabendo que seu salário mensal depende, única e exclusivamente, do suor de outras pessoas que você nem conhece!
E eu sei do que estou falando, pois exerci por alguns meses a função de "crítico" para um site que gostava. Posso dizer que senti na pele como esse negócio de "exprimir opiniões em público" pode subir à cabeça e deixar você intolerante à opiniões contrárias e críticas ao que escreveu. E olha que eu nem era "profissional", fazia aquilo por puro hobby apenas para tentar ajudar um site bacana que estava falido, sem receber nada em troca... Felizmente percebi isso há tempo e pulei fora, voltando meu foco para realizações profissionais e pessoais mais gratificantes.
Sacou agora porque os ditos “críticos profissionais” são, em geral, assim tão cheios-de-sí e arrogantes e porque temos que sentir pena deles e não raiva? Não? Então vamos facilitar ainda mais a sua vida, tentando dissecar abaixo os vários tipos deles que existem por aí para que possa entender melhor o que se passa na cabeça desse estranho povo! Você certamente já conheceu algum ou já leu algo que um deles escreveu. Importante notar que, normalmente, eles possuem todas as características listadas abaixo, embora uma delas vai se sobressair em cada uma dessas figuras bisonhas.

1) CRÍTICO-DEUS: É o tipo mais patético e, também, o mais perigoso. Dono de uma imensa insegurança e de um gigantesco complexo de inferioridade, o “Crítico-Deus” se reveste com o famoso escudo de dono da verdade para tentar desviar a atenção da sua frágil condição psicológica. É o “sabe tudo”, cuja sapiência e compreensão dos fatos estão além do que o resto dos mortais sequer sonha em conhecer. Esse tipo de pessoa julga-se em contato direto com o “Deus das Artes”, fato que o permite fazer análises sublimes e intocáveis sobre qualquer obra - as quais, por sinal, eles fariam bem melhor caso quisessem ou tivessem tempo. Para esse tipo de profissional, “uma crítica não é uma opinião” (sic). Portanto, jamais ouse discutir, muito menos contrariar, o “Crítico-Deus”, pois ele será capaz de ter reações extremamente violentas e ferozes, do tipo escrever textos gigantescos, cheio de pseudo-ironias e auto-indulgência só para tentar denegrir a opinião de quem não concordou com ele ou ousou apontar um erro que cometeu em alguma análise!

2) CRÍTICO-AMIGO (ou CRÍTICO-VASELINA): Esse é o crítico que mais faz rir involuntariamente. Dono de um complexo de inferioridade astronômico que o leva a ter uma necessidade patológica por aprovação, o “Crítico-Amigo” traveste suas opiniões com todo o tipo de “fofuras” e comentários simpáticos. Assim, ele pensa, vai ser mais fácil todo mundo gostar dele e aprová-lo. “Vejam como sou boa-praça”, parecem querer dizer. O problema começa quando o “Crítico-Amigo” tem que falar mal de uma obra de arte. Aí, via de regra, ele vai escrever um texto imenso, no qual vai intercalar cada comentário negativo com cerca de dois parágrafos onde vai explicar detalhadamente porque está sendo tão “vilão”, praticamente pedindo desculpas aos que eventualmente gostaram da obra e que, por causa do seu comentário negativo, podem vir a não aprová-lo. Todavia, não se engane: todo “Crítico-Amigo” é, no fundo, um “Crítico-Deus” disfarçado. Se duvida, aponte em público erros que ele cometeu em suas análises ou discorde frontalmente do que ele disse com uma opinião convicta e isenta de “floreios”. A carapuça de “amigo de todos” dele vai sumir rapidinho e o ataque será mais cruel do que o de uma hiena esfomeada!

3) CRÍTICO-PIMBA: Para quem não sabe, PIMBA quer dizer “Pseudo-Intelectual-Metido-A-Besta”. Como a própria definição já deixa clara, esse tipo de crítico tenta disfarçar sua insegurança, ignorância e medo com um linguajar rebuscado, ininteligível e, via de regra, sem sentido (a não ser para ele e para meia dúzia de CDFs que vão ao mesmo cine-clube). Felizmente esse tipo de técnica já ficou por demais manjada, tornando os “Críticos-Pimba” motivo de chacota para quase todos. Todavia, existem algumas pessoas, cuja auto-estima é ainda menor do que a deles, que ainda se impressionam com o tipo de coisas que escrevem, tais como: “olho-matéria”, “dicotomia”, "estética da fome", “dialética”, “sincretismo”, etc... Quando ele toma contato com uma obra pretensiosa e badalada que não entende ou que simplesmente não faz sentido, diz que é "genial" e então copia o que está escrito no press-release dela ou então o que leu em alguma entrevista com o autor. Cinemão de Hollywood e qualquer outro tipo de arte popular ou de entretenimento serão sistematicamente odiados por esse tipo de crítico. Jamais fale mal de um filme de David Lynch, do “cinema asiático”, do Gerald Thomas, do grupo YES ou da 9ª Sinfonia de Shostakovsky perto de um “Crítico-Pimba”, caso contrário ele vai desprezá-lo para o resto da sua vida... pensando bem, fale mal sim!

4) CRÍTICO-POLIANA: Esse exemplar de crítico nunca vê maldade em nada que lê ou assiste, muito menos acha que filmes, livros ou músicas podem trazer mensagens danosas para a sociedade. “Rambo II”, para eles, é somente um filme de aventuras bacana, enquanto artistas ou pensadores como Michael Moore, Noam Chomsky ou Oliver Stone são apenas paranóicos. “Críticos-Poliana” normalmente gostam de tudo, até do filme "Mulher-Gato", do ator Steven Seagal, das músicas dos Carpenters e das novelas da rede Globo! São ideais para trabalhar em revistas como "Veja", "Contigo", "Caras", "Set" e outros veículos cujos donos preocupam-se mais com prestígio do que com conteúdo de qualidade...

5) CRÍTICO-SINÓPSE: Você já leu uma crítica que é, basicamente, um resumo da história apresentada na obra? Então você conheceu um “Crítico-Sinopse”, que é uma variação do “Crítico-Amigo”, só que bem mais ameno. Inseguro de suas opiniões e desesperado para esconder o fato que nada entende sobre o que está falando, esse tipo de profissional da crítica limita-se a contar a trama da obra do começo ao fim, repetindo até frases e diálogos para mostrar que realmente estava atento ao que via. É comum também ele enumerar "citações" de outras obras que pensa ter vislumbrado no material que está analisando (assim vão achá-lo culto, sonha). Muito raramente o “Crítico-Sinopse” até se arrisca a colocar alguma opinião concreta sobre o produto no final de seu texto, mas via de regra você vai terminar de ler tudo que ele escreveu e se perguntar: “Afinal, esse cara gostou ou não da obra?”. A única vantagem do “Sinópse” sobre o “Amigo” é que ele vai fugir de polêmicas como o diabo foge da cruz, enquanto o segundo vai virar “Deus” ao ser contrariado e contra-atacar violentamente.

6) CRÍTICO-DIVA (ou CRÍTICO-ESTRELA): é do tipo que se julga tão ou mais importante que os verdadeiros artistas sobre o qual escreve. Nunca ligue um holofote ou aponte um microfone para esse tipo de profissional, pois ele vai se abrir todo como um pavão enamorado. O “Crítico-Diva” é uma celebridade, ao menos na cabeça dele, e ponto final. É inútil tentar convencê-lo do contrário. Seus textos geralmente são recheados de auto-adulação, comentários pessoais (do tipo "...quando entrevistei o ator Fulano em Cannes"), fofocas picantes sobre celebridades e referências maldosas a partes do corpo dos artistas em questão. Outra particularidade: se alguma celebridade não der a ele a devida atenção que pensa merecer, o "Crítico-Diva" vai passar a falar mal de qualquer trabalho no qual essa pessoa estiver envolvida!

7) CRITICUZINHO: o advento da internet trouxe várias vantagens para todos - democratização da informação, contato direto com pessoas do mundo inteiro, pornografia gratuíta, etc. Mas como nem tudo são flores, a internet também gerou um novo tipo de celeuma social: adolescentes problemáticos e carentes com excesso de tempo livre passaram a usar a rede como forma de descontar suas frustrações e traumas em tudo quanto é fórum de discussões, blogs ou qualquer outro lugar que possam enfiar suas palavras. E, como era de se esperar, muitas dessas pessoas com excesso de hormônios e nada de sexo julgam-se críticos de arte só porque assistem tudo quanto é filme ou leram todos os livros do "Harry Potter". Assim, espalham suas "críticas" pela net e, pior de tudo, muita gente acaba levando a sério as asneiras que escrevem e alguns, pasmem, chegam até a publicar seus textos em sites pretensamente sérios! Aviso: ao encotrar um tipo desses, fuja depressa, caso contrário ele vai te perseguir até o final dos tempos via email, criando blogs do tipo "eu odeio você!", etc. Que falta que faz um(a) namorado(a), não?
8) CRÍTICO-ARTISTA: sabe aqueles artistas frustrados, que tentaram mas não conseguiram seguir carreira no meio? Muitos percebem que não sabem fazer mais nada na vida e então viram "críticos" para, pelo menos, ficarem próximos do mundo ao qual não conseguiram fazer parte. Os textos desse tipo de profissional da opinião são fáceis de reconhecer, pois são sempre escritos na primeira pessoa e analisam a obra em questão a partir do seguinte ponto de vista: "como tudo teria sido (melhor) se fosse eu quem a tivesse realizado, caso minha agenda não fosse tão lotada".
Mas, agora, você deve estar se perguntando: "Quer dizer então que nenhum crítico presta?". Claro que sim! Conheça-o abaixo:
8) CRÍTICO-DECENTE: Esse é o único tipo de crítico que se pode levar a sério e, por isso mesmo, cada vez mais raro de se encontrar na mídia. Cientes da sua condição de meros tecedores de opinião sobre o trabalho alheio e das suas próprias limitações humanas, o “Crítico-Decente” fala sobre a obra de arte levando em conta a sua própria visão de mundo, sem delongas e sem disfarces. Esse profissional sabe que o que escreve pode servir, no máximo, como base e referência para pessoas que buscam saber mais sobre arte em geral, mas também gostam de ler ou ouvir uma opinião sincera, clara e confessadamente parcial. Ele sabe que uma crítica é somente uma opinião e, por isso, faz de seu trabalho algo agradável e bem humorado, ficando aberto a réplicas e sem medo de dialogar com o interlocutor, podendo até aprender algo novo neste processo. Todos os outros tipo de críticos listados acima (especialmente o "Deus" e o "Amigo") simplesmente “estrebucham” na presença de um “Crítico-Decente” e, via de regra, fazem de tudo para desacreditá-lo publicamente, como se isso fosse suficiente para garantir a sobrevivência deles e anular suas frustrações e inseguras pessoais. Tendo em vista que a maioria dos veículos de comunicação é dominado por pessoas extremamente mal resolvidas e sem auto-estima, é compreensível que profissionais como o listado acima encontrem cada vez mais portas fechadas ao seu trabalho...

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O problema é um tônico para o ego - Osho



O ego não se sente bem, à vontade, com montículos; ele quer montanhas. Mesmo se isso for uma miséria, não deve ser um montículo, deve ser um Everest. Mesmo que isso seja miserável, o ego não quer ser ordinariamente miserável; ele quer ser extraordinariamente miserável.

As pessoas continuam sempre criando grandes problemas do nada. Eu tenho conversado com milhares de pessoas sobre os problemas delas e realmente não encontrei ainda um problema real! Todos os problemas são falsos – você os cria porque sem problemas você se sente vazio. Não há nada para fazer, nada com o que lutar, nenhum lugar para ir. As pessoas vão de um guru para outro, de um mestre para outro, de um psicanalista para outro, de um grupo de encontros para outro, porque se não forem, eles se sentem vazios e subitamente, sentem que a vida é insignificante. Você cria os problemas para que você possa sentir que a vida é um grande trabalho, um crescimento, e que você precisa lutar muito.

O ego só pode existir quando existe luta, lembre-se – quando ele luta. E se lhe digo, ‘Mate três moscas e você ficará iluminado, você não irá acreditar em mim. Você dirá, ‘Três moscas? Isso não parece muito. E ficarei iluminado? Isso não parece ser inverossímil. Se eu disser que você terá que matar setecentos leões, é claro que isso parece mais! Quanto maior o problema maior o desafio...E com o desafio surge seu ego, ele paira nas alturas. Você cria os problemas. Eles não existem.

Os padres, os psicanalistas e os gurus – eles estão felizes porque todo o negócio deles existe por sua causa. Se você não criar montículos do nada e você não transformar seus montículos em montanhas, qual o sentido de gurus lhe ajudarem? Primeiro você precisa estar na condição de ser auxiliado.

Os mestres verdadeiros dizem outra coisa. Eles dizem, “Por favor, vejam o que você está fazendo, que bobagem você está fazendo. Primeiro você cria um problema, depois você vai em busca de uma solução. Apenas veja que você está criando o problema, exatamente no princípio, quando você estiver criando o problema, essa é a solução – não o crie!” Mas isso não lhe agradará porque então você está subitamente voltando para si mesmo. Nada para fazer? Nada de iluminação? Nada de satori? Nada de samadhi? E você está profundamente cansado, vazio, tentando preencher-se com qualquer coisa.

Você não tem nenhum problema; somente isso precisa ser entendido. Agora mesmo você pode deixar todos os problemas porque eles são criações suas. Dê outra olhada nos seus problemas: quanto mais profundamente você olhar, menores eles parecerão. Continue olhando para eles e aos poucos, eles começarão a desaparecer. Prossiga olhando e subitamente você descobrirá que há uma vacuidade... Uma bela vacuidade lhe cerca. Nada para fazer, nada para ser, porque você já é isso.

Iluminação não é algo a ser alcançado, é somente para ser vivido. Quando digo que alcancei a iluminação, estou simplesmente dizendo que decidi viver isso. Já chega! E desde então tenho vivido-a. É uma decisão de que agora toda essa besteira de criar problemas e encontrar soluções acabou.

Toda essa bobagem é um jogo que você está jogando consigo mesmo: você mesmo está escondendo e você mesmo está procurando, você é ambas as partes. E vocês sabem disso! Eis porque quando digo isso vocês riem, dão risadas. Não estou falando sobre alguma coisa ridícula; vocês o compreendem. Vocês estão rindo de si mesmos. Apenas observem a si mesmos rindo, apenas olhem para seus próprios sorrisos; vocês o compreendem! Isso tem que ser assim porque é seu próprio jogo: você está escondendo e esperando que você mesmo seja capaz de procurar e encontrar a si mesmo.

Você pode encontrar a si mesmo agora porque é você que está escondendo. Eis porque os mestres Zen prosseguem batendo. Sempre quando alguém chega e diz, “Eu gostaria de ser um Buda”, o mestre fica muito zangado. Porque ele está pedindo uma bobagem, ele é um Buda. Se Buda chegar para mim e perguntar como ser um Buda, que devo fazer? Irei bater na cabeça dele. “A quem você pensa que está enganando? Você é um Buda!”

Não crie problemas desnecessários para você. E o entendimento descerá sobre você se você observar como você torna um problema cada vez maior, como você o engendra, e como você ajuda a roda a girar cada vez mais rápido. Assim de repente, você está no topo da sua miséria e você está necessitando da simpatia do mundo inteiro.

O ego precisa de problemas. Se você compreender isso, na própria compreensão as montanhas viram montículos novamente, e então os montículos também desaparecem. Subitamente há vacuidade, pura vacuidade por toda parte. Isso é tudo o que a iluminação é – um profundo entendimento de que problemas não existem. Assim, sem nenhum problema para resolver, o que você vai fazer? Imediatamente você começa a viver. Você irá comer, irá dormir, irá amar, irá bater papo, irá cantar, irá dançar. O que tem mais para fazer? Você se tornou um deus, você começou a viver!

Se as pessoas pudessem dançar um pouco mais, cantar um pouco mais, serem um pouco mais malucas, a energia delas estaria fluindo mais, e os problemas delas irão desaparecer aos poucos. Daí eu insistir tanto na dança. Dance até o orgasmo; deixe que toda a energia se torne dança e subitamente, você verá que você não tem nenhuma cabeça. A energia presa na cabeça se move ao redor, criando belos padrões, pinturas, movimentos. E quando você dança chega um momento que o seu corpo não é mais uma coisa rígida, se torna flexível, fluido. Quando você dança chega um momento quando sua fronteira não está mais tão clara; você se funde e se dissolve com o cosmos, as fronteiras ficam misturadas. Assim você não cria qualquer problema.

Viva, dance, coma, durma, faça as coisas tão totalmente quanto possível. E lembre-se sempre: quando você flagrar a si mesmo criando algum problema, dê o fora dele, imediatamente."

Osho, Extraído de: Ancient Music in the Pines