quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Medusa Moderna


Eis como sinto-me hoje: a medusa moderna.
As serpentes interiorizaram-se e fizeram ninho em minha mente,
lugar propício para manterem-se vivas, vorazes e atuantes, sem serem
notadas pelos proto-Perseus.
A profusão de pensamentos representada pelos fartos cabelos de cobra,
o mito e a força do feminino.
As habilidades de uma górgona que não dá conta de resolver seus próprios
conflitos existenciais e refoge-se na figura de um monstro mitológico um tanto
quanto mal compreendido, já que na verdade era uma deusa, uma tríade, antes nascida
bela donzela. Aterrorizante tornou-se só depois, porém, manteve-se encantadora.
O escudo, o amuleto, àquela de cuja morte extraiu-se outras vidas magníficas....não há o que temer, pois morre-se um pouco a cada dia.
Diferente do mito, não trago no olhar o desamor paralisante e já não mato àqueles a quem amo, pois aprendi que este é o alimento primordial da minha alma.
Salvou-me a poesia, o Pegasus que alçou-me ainda petiz das entranhas da escuridão. Minha redenção.
É no escudo do seu olhar que vejo minha imagem refletida e esta visão liberta-me de todo
cárcere, ungindo a minha fronte com o bálsamo do amor e da compreensão.
Sou uma simples mortal que foi tocada pelo sentimento divino de um deus.